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Obama se reúne com Castro, ponto alto de sua visita a Cuba

A reunião, realizada no Palácio da Revolução, constitui o primeiro encontro de Obama com Raúl desde que chegou a Havana, no domingo à tarde


	Raul Castro e Barack Obama: "Ainda temos divergências significativas sobre direitos humanos e liberdades individuais em Cuba"
 (Jonathan Ernst / Reuters)

Raul Castro e Barack Obama: "Ainda temos divergências significativas sobre direitos humanos e liberdades individuais em Cuba" (Jonathan Ernst / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 21 de março de 2016 às 14h11.

Barack Obama e Raúl Castro apertaram as mãos e sorriram para as câmeras ao iniciar nesta segunda-feira sua reunião, ponto alto da visita do presidente americano à ilha comunista.

A reunião, realizada no Palácio da Revolução, constitui o primeiro encontro de Obama com Raúl desde que chegou a Havana, no domingo à tarde.

Antes de ir para a reunião, Obama depositou flores no monumento do herói nacional cubano José Martí, localizado na Praça da Revolução.

O secretário de Estado americano, John Kerry, destacou esse "momento histórico" e o que significou "ter ouvido os dois hinos juntos, em Havana, com o presidente dos Estados Unidos".

Temas sensíveis

Obama se reúne com um presidente que já deixou claro que não está disposto a negociar qualquer mudança em sua política a pedido ou por pressão dos Estados Unidos, seu adversário por mais de meio século.

Mesmo assim, acredita que haverá uma mudança em Cuba, como declarou antes do esperado encontro com seu colega.

"Vai ocorrer uma mudança aqui e acredito que Raúl Castro entende isso", disse Obama ao canal ABC na capital cubana, embora tenha reconhecido que não ocorrerá "da noite para o dia".

"Ainda temos divergências significativas sobre direitos humanos e liberdades individuais em Cuba. Acreditamos que agora podemos potencializar nossa capacidade para promover mais mudanças", acrescentou.

O chefe de Estado americano quer, no entanto, aproveitar sua viagem história para abordar francamente temas sensíveis como o dos direitos humanos, em um ambiente ofuscado pela detenção temporária de dezenas de dissidentes cubanos que protestavam no domingo pouco antes da chegada de Obama.

"Temos ainda diferenças significativas sobre direitos humanos e liberdades individuais. Achamos que agora podemos potencializar nossa capacidade de promover mudanças", declarou Obama à ABC.

Recentemente, Obama se comprometeu por escrito com as Damas de Branco, cuja líder Berta Soler ficou detida por várias horas, a falar com Raúl sobre os obstáculos nesses temas.

Obama também se reunirá na terça com dissidentes na embaixada, em um encontro para o qual Soler foi convidada. Ela critica Obama por fazer concessões a Raúl sem que, em troca, tenham cessado "a perseguição e violência contra opositores".

Reclamação

Obama, de 54 anos, e Raúl, de 84, se reuniram duas vezes desde que lançaram, no final de 2014, o processo de normalização das relações bilaterais.

A primeira reunião ocorreu em abril de 2015, dentro da Cúpula das Américas, no Panamá, e a segunda, cinco meses depois, nas Nações Unidas, em Nova York.

Raúl Castro certamente espera abordar o tema que mais preocupa Cuba em sua relação com Estados Unidos: o embargo econômico vigente desde 1962.

Obama, que é favorável ao levantamento do embargo, recorreu as suas atribuições executivas para abrandar algumas das medidas que castigam os cubanos, mas o Congresso, nas mãos da oposição republicana, é o único que pode desmontar a teia de restrições.

O chanceler cubano Bruno Rodríguez, que deus cordiais boas-vindas a Obama no aeroporto, reiterou que as medidas da Casa Branca são positivas, mas limitadas.

As autoridades insistem que Obama pode fazer mais contra o embargo, depois de ter restabelecido os voos comerciais diretos, autorizado alguns investimentos importantes e facilitado as viagens dos americanos, que ainda não podem fazer turismo livremente.

"Não há dúvidas de que ainda temos muito trabalho por fazer, e parte disso é conseguir o fim do embargo", comentou o presidente dos Estados Unidos.

"Não creio que a visita de Obama tenha um impacto imediato na política cubana, muito menos em decisões pontuais do regime em curto prazo", comentou à AFP Michael Shifter, presidente do centro de análises Diálogo Interamericano.

Farc

O presidente Obama também se reunirá com pequenos empresários dos dois países, enquanto sua esposa, Michelle, encontrará estudantes no centro cultural Fábrica de Arte.

Estas reuniões podem ser para os dois a chance de ouvir os cubanos, pois não tiveram essa oportunidade durante a visita que no domingo fizeram ao setor antigo de Havana por causa da chuva e das fortes medidas de segurança.

Na terça, Obama também fará um histórico discurso ao povo cubano, que será transmitido ao vivo, e depois irá a um jogo de beisebol, atividades que encerrarão sua visita a Havan.

Durante esta segunda, o secretário de Estado americano John Kerry se reunirá em separado com os negociadores das Farc e o governo colombiano que tentam alcançar um acordo para acabar com mais de meio século de confronto armado.

Os Estados Unidos, que financiaram por anos a luta contra a guerrilha comunista, apoiam o processo de paz da Colômbia e as gestões de Kerry podem ser definitivas agora que o diálogo parece estancado.

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