Obama e Merkel: presidente americano insistirá nos valores compartilhados pelo Velho Continente e os Estados Unidos (Jim Young/REUTERS)
AFP
Publicado em 17 de novembro de 2016 às 10h02.
O presidente Barack Obama se reunirá nesta quinta-feira, em Berlim, com a chanceler alemã, Angela Merkel, a quem muitos consideram a nova porta-voz dos valores democráticos mundiais desde a eleição de Donald Trump como presidente americano.
Segundo a Casa Branca, Obama insistirá em sua visita à Alemanha, segunda e última etapa de sua viagem de despedida pela Europa, nos valores compartilhados pelo Velho Continente e seu país, um dia depois de defender a democracia e uma globalização socialmente mais justa em Atenas.
Também se espera que tente tranquilizar Merkel a respeito do futuro Tratado de Livre Comércio Transatlântico (TTIP), já que Trump defendeu a necessidade de um maior protecionismo nos Estados Unidos durante a campanha eleitoral.
A revista alemã Der Spiegel opina que a mensagem de Obama em Atenas "foi tão elegante quanto clara: talvez considerem Trump um louco, mas nenhum louco jamais conseguiu destruir nosso sistema".
Na quarta-feira, Obama jantou com a chanceler Merkel, a quem definiu como sua "parceira internacional mais próxima nos últimos oito anos.
Muitos analistas e veículos de comunicação veem neste encontro uma forma de passar o bastão, levando em conta que alguns de seus partidários consideram que Merkel poderia se tornar a nova líder do mundo livre após a eleição de Trump.
Na sexta-feira, os dois chefes de Estado participarão de um encontro com líderes de Reino Unido, França, Itália e Espanha. Para encerrar esta última viagem internacional como presidente dos Estados Unidos, Obama seguirá para o Peru, onde participará da cúpula do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec).
Em seu discurso, em Atenas, Obama pediu uma correção no rumo da globalização para evitar o auge das desigualdades.
Após a vitória de Trump, a viagem de Obama se tornou uma tentativa de tranquilizar a opinião mundial ante a chegada do polêmico bilionário à Presidência dos Estados Unidos.
"O caminho mundial da globalização precisa de uma correção de rumo", disse o presidente.
"Quando vemos as pessoas, as elites mundiais, ricas multinacionais, vivendo na aparência com regras do jogo distintas, sonegando impostos, manipulando os vácuos legais (...), tudo isto alimenta um profundo sentimento de injustiça", afirmou.
Durante sua viagem, Obama abordou, em várias ocasiões, a frustração que levou as pessoas a fazerem escolhas extremas, como Trump nos Estados Unidos ou o Brexit no Reino Unido.
Na terça-feira, o presidente americano já tinha advertido para o auge de "uma espécie de nacionalismo tosco ou de identidade étnica ou de tribalismo, que se constrói ao redor de um 'nós' e um 'eles'".
Os países europeus, especialmente os do leste, mais próximos da Rússia, temem que Donald Trump ponha em dúvida o compromisso dos Estados Unidos com a Otan, que lhes assegura proteção militar.
Durante a campanha, Trump também comemorou a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia (UE) e criticou duramente os tratados de livre comércio.
Apesar disso, Obama insistiu na Grécia em que a unidade da Europa e da Otan, que é "absolutamente vital" para os interesses americanos, continuariam sendo a pedra angular da política externa do seu país.