Ele promoveu um novo acordo comercial que procura se transformar em uma grande área de livre-comércio nas duas margens do Pacífico (Jim Watson/AFP)
Da Redação
Publicado em 19 de novembro de 2011 às 10h25.
Nusa Dua, Bali - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, encerrou neste sábado com sua participação na cúpula da Ásia Oriental em Nusa Dua (Indonésia) uma viagem pela Ásia Pacífico para relançar o protagonismo de seu país na região.
A interação - direta ou indireta - com a China dominou todas as paradas efetuadas pelo presidente americano em sua viagem pela região, a terceira de seu mandato e que o levou ao Havaí (EUA), para presidir a cúpula do Fórum da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec), além de Austrália e Indonésia.
Diante da pujança chinesa na região, Obama quis deixar claro que seu país 'está na Ásia Pacífico para ficar' e buscou promover laços econômicos, militares e diplomáticos para balancear o peso do gigante asiático.
Assim, promoveu um novo acordo comercial, o TPP (Trans-Pacific Partnership), que procura se transformar em uma grande área de livre-comércio nas duas margens do Pacífico.
Além disso, foi firmado um novo pacto para o desdobramento de tropas, com até 2,5 mil soldados, na Austrália, e foi acertado o aumento da cooperação militar com a Indonésia para formar e equipar estas forças armadas.
Obama também se transformou no primeiro presidente americano que participa da cúpula da Ásia Oriental, parte de uma decisão estratégica dos EUA de intervir de maneira decisiva na arquitetura multilateral da região.
Fora isso, o governante anunciou a viagem de sua secretária de Estado, Hillary Clinton, a Mianmar, em um gesto de abertura ao regime, que mantém amplos laços econômicos e políticos com a China.
Apesar de tudo, a Casa Branca insistiu, por meio das palavras de seu conselheiro de Segurança Nacional, Tom Donilon, que a viagem 'não buscava isolar ou conter ninguém'.
'Uma região estável e pacífica é algo que convém a todo o mundo, incluindo a China', acrescentou o alto funcionário, que também reconheceu: 'Temos uma relação muito complicada e bastante substancial com a China em todas as áreas'.
Durante sua viagem, Obama manteve duas reuniões bilaterais com as autoridades chinesas, a primeira com o presidente Hu Jintao no Havaí e a segunda - convocada de surpresa e muito menos formal - em Nusa Dua com o primeiro-ministro Wen Jiabao.
Em ambas, as questões econômicas foram dominantes. Ao longo da viagem, Obama reivindicou de Pequim igualdade no acesso às licitações públicas para as empresas americanas e a proteção da propriedade intelectual.
Mas sobretudo exigiu uma maior flexibilidade do iuane, que considera que apesar das medidas chinesas dos últimos 18 meses cota ainda substancialmente abaixo de seu valor, o que prejudica as exportações americanas.
No Havaí, Obama também irritou a China ao promover o TPP, que por enquanto excluirá Pequim ao demandar uma abertura comercial que o país não está disposto a conceder.
Na Austrália, as divergências se transferiram ao terreno militar quando após o anúncio do desdobramento de soldados da Marinha americana na base militar de Darwin, a China considerou a medida 'pouco apropriada'.
Obama demandou também uma resolução pacífica e negociada em fóruns multilaterais, como o deste sábado em Nusa Dua, às disputas territoriais nas águas do mar da China Meridional, onde seis países - China, Taiwan, Brunei, Malásia, Vietnã e Filipinas - disputam as Ilhas Spratly.
A China, que neste ano protagonizou fortes enfrentamentos com o Vietnã e as Filipinas sobre a soberania desse arquipélago supostamente rico em petróleo, considera que este assunto deve ser resolvido entre os países envolvidos.
Mas a relação com Pequim não foi totalmente dominada por enfrentamentos. Os EUA, que afirmam procurar laços 'construtivos' com a China, alcançaram avanços também.
Em sua reunião com Hu, Obama abordou a questão iraniana, depois que China manifestou sua oposição a novas sanções internacionais. No sábado, o país finalmente se absteve em uma resolução da Assembleia Geral da ONU e apoiou uma declaração da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) contra o programa nuclear iraniano. EFE