Mandela e Obama se viram uma única vez em 2005 (Siphiwe Sibeko/Reuters)
AFP
Publicado em 17 de julho de 2018 às 11h28.
Última atualização em 18 de julho de 2018 às 16h06.
O ex-presidente americano Barack Obama pronuncia nesta terça-feira (17), em um estádio de Johannesburgo, um esperado discurso pelo centenário do nascimento de Nelson Mandela, primeiro chefe de Estado negro da África do Sul.
Cerca de 15.000 pessoas assistirão ao ato no estádio Wanderers, incluindo a última esposa de Mandela, Graça Machel, a ex-presidente da Libéria Ellen Johnson Sirleaf e o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan.
A cada ano a Fundação Mandela convida uma pessoa de prestígio para discursar no aniversário de "Madiba", que nasceu em 18 de julho de 1918 e faleceu em 5 de dezembro de 2013.
Depois de passar 27 anos nas prisões do regime racista branco, Mandela, ícone mundial da luta contra o Apartheid, tornou-se em 1994 o primeiro presidente eleito democraticamente na África do Sul, um cargo que ocupou até 1999.
A fala de Barack Obama, que deixou a Casa Branca há um ano e meio, é muito esperada, e sua equipe garante que será seu mais importante discurso desde que abandonou a política.
"Será uma ocasião para dar uma mensagem de tolerância, de inclusão e de democracia, em um momento no qual o legado de Mandela está sendo posto em xeque no mundo", disse Ben Rhodes ao jornal The New York Times, referindo-se à política de seu sucessor, Donald Trump.
Mandela e Obama se viram uma única vez, em 2005, em Washington, mas se admiravam mutuamente.
O presidente da Fundação Mandela, Sello Hatang, contou, recentemente, que o líder africano ficou "louco de alegria" com a vitória de Obama em 2008, "porque viu isso como um momento-chave da história dos Estados Unidos".
Mandela continua sendo uma das grandes referências morais de Barack Obama, junto com o ex-presidente americano Abraham Lincoln e com o defensor dos direitos civis Martin Luther King.
O presidente americano esteve no funeral de Mandela, em 2013, no qual o descreveu como "um gigante da história que conduziu um povo para a justiça" e como "o último grande libertador do século XX".
"Faço parte das milhões de pessoas que foram inspiradas pela vida de Nelson Mandela", declarou na ocasião.
Mas quase 25 anos após o fim oficial do apartheid, a África do Sul apenas começou seu "longo caminho" para a liberdade, declarou na segunda-feira Graça Machel, retomando o título da autobiografia de seu marido "O longo caminho para a liberdade".
"Ainda temos um longo caminho a percorrer", disse à AFP.
O racismo ainda está presente em um país onde a pobreza persiste e que é o mais desigual do mundo, segundo o Banco Mundial. Coincidindo com o centenário de seu nascimento, a fundação Mandela pediu aos sul-africanos que "agissem e inspirassem mudanças" em nome de "Madiba".
Entre outras atividades, a celebração inclui competições esportivas, a publicação de testemunhos de pessoas que conheceram Mandela, a impressão de uma cédula com sua imagem e um grande show em dezembro, em Johannesburgo, com estrelas como Beyoncé, Jay-Z e Pharrell Williams.