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Obama promete explicações à UE sobre espionagem

Na Alemanha, um porta-voz de Angela Merkel, Stefen Seibert, disse que os Estados Unidos deveriam "restaurar a confiança" em seus aliados europeus

O presidente americano, Barack Obama: Washington continua a "avaliar" o conteúdo da reportagem do jornal britânico The Guardian, citando documentos fornecidos pelo ex-consultor da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) Edward Snowden. (REUTERS/Gary Cameron)

O presidente americano, Barack Obama: Washington continua a "avaliar" o conteúdo da reportagem do jornal britânico The Guardian, citando documentos fornecidos pelo ex-consultor da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) Edward Snowden. (REUTERS/Gary Cameron)

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Da Redação

Publicado em 1 de julho de 2013 às 16h52.

Washington - O presidente americano, Barack Obama, pressionado por membros da União Europeia, prometeu nesta segunda-feira que fornecerá a seus aliados todas as informações cobradas sobre as denúncias de que Washington teria espionado suas instituições.

Washington continua a "avaliar" o conteúdo da reportagem do jornal britânico The Guardian, citando documentos fornecidos pelo ex-consultor da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) Edward Snowden, e "quando tivermos uma resposta, vamos fornecer todas as informações que nossos aliados quiserem", disse Obama em uma coletiva de imprensa na Tanzânia.

Descontentes com as revelações de escutas telefônicas e da vigilância de suas instituições pelos Estados Unidos, os europeus exigiram o fim imediato de qualquer programa de espionagem e ameaçaram bloquear as futuras negociações sobre uma zona de livre-comércio.

Sem fazer referência direta a essas negociações comerciais, que devem ser discutida ainda este mês, o presidente francês, François Hollande, considerou que negociações e transações com os Estados Unidos podem ocorrer apenas "quando forem obtidas garantias" do fim da espionagem contra a União Europeia (UE) e a França por parte de uma agência de inteligência americana.

A França "não pode aceitar esse tipo de comportamento", que deve terminar "imediatamente", reagiu o presidente francês, primeiro chefe de Estado a comentar com mais veemência as suspeitas de espionagem americana.

"As provas reunidas são suficientes para exigirmos explicações", acrescentou.


O presidente social-democrata do Parlamento Europeu, Martin Schulz, declarou que, se esses fatos foram provados, será "um terrível golpe contra as relações entre a União Europeia e os Estados Unidos".

"O Parlamento Europeu não deve ser tratado como inimigo", ressaltou.

"Se for confirmado que os americanos espionaram seus aliados, teremos consequências políticas. Isto supera de longe as necessidades da segurança nacional. É uma quebra de confiança", disse à AFP uma fonte europeia.

Na Alemanha, um porta-voz de Angela Merkel, Stefen Seibert, disse que os Estados Unidos deveriam "restaurar a confiança" em seus aliados europeus.

"Europa e Estados Unidos são sócios, amigos, aliados. A confiança tem que ser a base de nossa cooperação e deve ser restabelecida neste campo", disse Steffen Seibert.

A Grécia e a Bélgica também exigiram "esclarecimentos" de Washington.

A revista alemã Der Spiegel, com base em documentos revelados por Edward Snowden, revelou no domingo que a NSA espiona há anos edifícios oficiais da UE nos Estados Unidos e em Bruxelas, além de cidadãos no mundo inteiro.

Segundo a revista, a Alemanha seria um dos principais alvos de espionagem.


De acordo com o jornal britânico The Guardian, França, Itália e Grécia também estão entre os 38 "alvos" monitorados pela agência americana.

A Rússia nunca entrega ninguém

Neste contexto, o presidente russo Vladimir Putin assegurou nesta segunda-feira que não entregará Edward Snowden, que continua na zona internacional do aeroporto de Cheremetievo em Moscou, porque "a Rússia nunca entrega ninguém".

Mas "se ele quiser ficar aqui, a condição é que pare com suas atividades visando a prejudicar nossos parceiros americanos", declarou Putin durante uma entrevista coletiva à imprensa.

Contatos foram estabelecidos entre os dois países sobre o futuro do ex-consultor que pediu oficialmente asilo político à Rússia.

"O fato de nossos aliados (ocidentais) espionarem uns aos outros não nos diz respeito", comentou Putin.

Primeira autoridade americana a reagir, o secretário de Estado americano, John Kerry, admitiu que "não é incomum" buscar informação sobre outros países, mas recusou-se a comentar a polêmica durante uma reunião no Brunei.

"Posso dizer que todos os países do mundo que estão envolvidos em assuntos internacionais, de segurança nacional, realizam muitas atividades para proteger sua segurança nacional, e ter todo tipo de informação contribui para isso", explicou, após se reunir com a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton.

"Nós cooperamos com a Europa em tantos assuntos, estamos tão próximos em razão de nossos interesses no mundo que nossas relações continuarão fortes", acrescentou Ben Rhodes, vice-conselheiro de segurança nacional do presidente Barack Obama. "Vamos trabalhar com eles (os europeus) em questões de segurança, de economia e, sinceramente, também compartilhamos um monte de valores democráticos que, acredito eu, transcendem qualquer controvérsia", acrescentou.

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