Barack Obama: a libertação de presos se engloba dentro da reforma da justiça penal que Obama tentou impulsionar (Carlos Barria / Reuters)
Da Redação
Publicado em 6 de outubro de 2016 às 23h09.
Washington - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, comutou nesta quinta-feira as penas de 102 presos condenados por crimes menores relacionados com drogas, com o que já perdoou um total de 774 detentos durante seus dois mandatos, informou a Casa Branca.
Desde 2009, o presidente americano comutou mais penas que seus antecessores nos últimos 66 anos, afirmou em comunicado Sally Quillian Yates, a "número dois" do Departamento de Justiça.
De fato, o antecessor de Obama, o republicano George W. Bush, comutou apenas 11 penas durante seus dois mandatos, superado pelas três de seu pai George H. Bush em seu único mandato, frente às 61 de Bill Clinton, às 60 de Richard Nixon, às 22 de Gerald Ford, às 29 de Jimmy Carter e às 13 de Ronald Reagan.
A libertação de presos se engloba dentro da reforma da justiça penal que Obama tentou impulsionar com o objetivo de acabar com a aglomeração nas prisões dos Estados Unidos, onde vivem 2,2 milhões de pessoas e que custam a cada ano US$ 80 bilhões aos cofres do Estado.
Os detentos que sairão dz prisão foram condenados por crimes de posse ou distribuição de substâncias ilegais como cocaína ou maconha, em alguns casos com o agravante de possuir uma arma de fogo, mas em nenhum caso pelo cometimento de um crime violento.
Suas sentenças provêm das políticas de "linha dura" que foram aplicadas durante a chamada "guerra contra as drogas", que desde os anos 80 aumentou a dureza das sentenças por produção, posse ou distribuição de drogas ilegais com o objetivo de acabar com a violência associada ao narcotráfico.
"O Departamento de Justiça fez um grande progresso sob o mandato de Obama em revisar as solicitações para corrigir as sentenças por drogas indevidamente duras e antiquadas", declarou Quillian Yates, que anunciou mais indultos para os próximos meses, antes que Obama deixe o poder em janeiro.
O imediatismo das eleições presidenciais e legislativas, previstas para 8 de novembro, fez com que a reforma do sistema penal passe para o segundo plano e que o Congresso praticamente abandone as propostas de lei que alguns legisladores estavam impulsionando.
Por sua vez, a Casa Branca acelerou as comutações neste último ano de Obama no poder, especialmente desde a renúncia em janeiro da funcionária do Departamento de Justiça encarregada dos perdões, Deborah Leff, que denunciou falta de recursos para revisar o ingente número de casos, inclusive aqueles que vão pela via tradicional.