Obama: espera-se que o discurso presidencial verse sobre a recuperação da economia e o caminho percorrido desde que assumiu o cargo (Stephane Mahe / Reuters)
Da Redação
Publicado em 12 de janeiro de 2016 às 10h08.
O presidente Barack Obama pronunciará nesta terça-feira seu último discurso sobre o estado da União no Congresso, disposto a destacar as conquistas de sua gestão, mas também oferecer sua visão de Estados Unidos para além de 2016.
Este tradicional discurso será para o presidente número 44 dos Estados Unidos a última chance de se dirigir aos seus cidadãos em horário de audiência máxima antes que Washington e o resto do país entrem completamente em modo eleitoral no dia 1º de fevereiro com o início das primárias presidenciais de democratas e republicanos em Iowa.
Três candidatos republicanos para suceder Obama, atuais senadores, estarão presentes no hemiciclo: Marco Rubio (Flórida), Ted Cruz (Texas) e Rand Paul (Kentucky).
Embora a Casa Branca afirme que Obama não tem a intenção de entrar na briga, não perde a oportunidade de arremeter contra seus adversários.
O presidente é "muito otimista sobre o futuro", disse no domingo à ABC seu chefe de gabinete, Denis McDonough, acrescentando: "e isto é uma diferença significativa em relação ao catastrofismo cotidiano dos candidatos republicanos".
Espera-se que o discurso presidencial verse sobre a recuperação da economia e o caminho percorrido desde que assumiu o cargo, em janeiro de 2009, em meio à pior crise desde a década de 1930.
Os números de criação de emprego em dezembro, que superaram amplamente as previsões dos analistas, virão a calhar (o desemprego está em 5%, o mais baixo em sete anos).
A força do mercado de automóveis dos Estados Unidos, ilustrada pela euforia reinante no salão de Detroit, também é um forte indicador. Cerca de 17,5 milhões de veículos foram vendidos nos Estados Unidos no ano passado, um recorde absoluto.
Em alguns dos tradicionais programas de entrevistas da manhã de domingo, o multimilionário Donald Trump, que lidera as pesquisas no lado republicano, projetou um panorama mais sombrio.
"Nós não vamos bem, o país não vai bem", disse. "A economia não está realmente forte. Estamos sentados em uma enorme bolha prestes a explodir", acrescentou.
A 12 meses de sua saída e diante de um Congresso dominado pelos republicanos, Obama deve se resignar a um papel de quase espectador?
O presidente garante que sempre tem "o pé pisando fundo no acelerador" e lembra que já haviam previsto este destino após o golpe sofrido pelos democratas nas legislativas de novembro de 2014.
Desde então, afirma, somou uma série de conquistas em casos emblemáticos: o acordo sobre o programa nuclear iraniano, o livre comércio Ásia-Pacífico (TPP) e as mudanças climáticas, com o acordo de Paris em dezembro.
Discurso simbólico
O assunto se torna mais complicado no front da luta contra o grupo Estado Islâmico, sobre a qual - segundo as pesquisas - a maioria dos americanos não está convencido da estratégia de Obama.
O presidente também deve colocar em primeiro plano uma velha promessa de campanha que até agora não pôde cumprir: fechar a prisão de Guantánamo.
Mantê-la aberta, sustentou, "enfraquece a segurança nacional" dos Estados Unidos, ao destinar a ela enormes recursos financeiros e ao mesmo tempo dar uma ferramenta de propaganda aos jihadistas.
O presidente se comprometeu a apresentar ao Congresso um plano pronto. Mas é provável que colida contra um muro.
Porque sem o apoio dos congressistas, contaria o presidente com a autoridade legal para transferir os detidos ao território americano?
A pergunta divide os juristas.
O discurso sobre o estado da União também é uma questão de símbolos: um refugiado sírio que fugiu dos bombardeios do regime de Bashar al-Assad será um dos convidados de honra junto à primeira-dama, Michelle Obama.
Também haverá um assento vazio para honrar todos os americanos mortos por armas de fogo (mais de 30.000 por ano).