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Obama enfrentou mesmo dilema que Trump sobre Síria, mas recuou

Em 21 de agosto de 2013, a comunidade internacional condenou um ataque aéreo lançado por Assad e o então presidente americano decidiu não contra-atacar

Ataque americano na Síria: Obama foi criticado tanto dentro como fora dos Estados Unidos por sua controversa decisão (Ford Williams/Courtesy U.S. Navy/Reuters)

Ataque americano na Síria: Obama foi criticado tanto dentro como fora dos Estados Unidos por sua controversa decisão (Ford Williams/Courtesy U.S. Navy/Reuters)

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AFP

Publicado em 7 de abril de 2017 às 12h49.

Última atualização em 7 de abril de 2017 às 12h51.

A decisão do presidente Donald Trump de bombardear o regime sírio em resposta ao ataque químico desta semana ocorre quatro anos após seu antecessor, Barack Obama, enfrentar o mesmo dilema e decidir recuar.

No dia 21 de agosto de 2013, a comunidade internacional condenou em uníssono o massacre de Ghuta, um ataque aéreo lançado pelas forças leais a Bashar al-Assad com armas químicas em um bairro da periferia de Damasco.

Mais de 1.400 pessoas morreram, segundo dados dos serviços de inteligência americanos, vítimas de gás sarin.

Foi cruzada a "linha vermelha" estabelecida por Obama e todos os olhares se voltaram para Washington.

Dois dias depois, o então presidente disse estar preparado para atacar.

Mas, para surpresa de todos, tanto nos Estados Unidos como no exterior, Obama decidiu submeter a sua decisão ao Congresso, eliminando de fato qualquer intervenção militar no curto prazo.

O primeiro-ministro britânico da época e aliado, David Cameron, acabou por retirar seu apoio militar aos Estados Unidos depois que o Parlamento votou contra.

Finalmente, o governo de Obama nunca atacou diretamente a Síria, preocupado com a manutenção do frágil equilíbrio geopolítico e militar regional.

Em vez disso, decidiu com Damasco desmantelar - após ásperas negociações - o arsenal químico da Síria, ação que começou em outubro de 2013.

A operação desenvolvida sob a égide da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) - organismo da ONU que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2013 por este programa - tinha por objetivo neutralizar as armas do governo.

"Orgulhoso"

Obama foi criticado tanto dentro como fora dos Estados Unidos por sua controversa decisão.

Após o registro de um novo ataque químico que matou ao menos 86 pessoas na terça-feira na cidade de Khan Sheikhun, Trump responsabilizou parcialmente seu antecessor.

"Estes ataques atrozes são consequência da debilidade e da falta de determinação da última administração", criticou o presidente.

O ataque desta semana "cruza muitas, muitas linhas", ressaltou.

Trump ordenou na quinta-feira o bombardeio à Síria em resposta ao ataque. Um total de 59 mísseis teleguiados caíram sobre a base aérea de Al Shayrat, de onde os Estados Unidos acreditam que a agressão química foi lançada.

A decisão de Obama de não intervir militarmente irritou alguns aliados de Washington, como o presidente francês, François Hollande, cujo relacionamento com o líder americano ficou prejudicado permanentemente.

Mas o ex-presidente afirmou em janeiro, pouco antes de deixar a Casa Branca, se sentir "orgulhoso" de ter renunciado à possibilidade de atacar Assad.

"A percepção foi que minha credibilidade estava em jogo, que a credibilidade dos Estados Unidos estava em jogo", explicou o ex-presidente. "Então sabia que teria um custo político para mim (ao decidir) apertar o botão de pausa naquele momento".

"O fato de ter sido capaz de abstrair da pressão imediata e refletir sobre quais eram os interesses dos Estados Unidos, não apenas em relação à Síria, mas também sobre nossa democracia, foi uma das decisões mais difíceis que tomei", explicou.

Após o ataque químico contra Khan Sheikhun, Trump se deparou com a mesma realidade enfrentada por Obama, mas decidiu mudar de direção.

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