O primeiro mandato de Obama frustrou a expectativa dos africanos, pois Obama praticamente evitou o continente, exceto por uma rápida visita a Gana (REUTERS/Jason Reed)
Da Redação
Publicado em 2 de julho de 2013 às 19h42.
Dar es Salam - No meio da sua viagem por três países da África, e logo depois de uma emotiva visita à cela da ilha Robben onde seu herói Nelson Mandela esteve preso, Barack Obama foi saudado por outro reverenciado líder africano, Desmond Tutu, com as palavras: "Bem-vindo ao lar".
O primeiro presidente negro dos EUA - "o filho de um negro do Quênia e de uma branca do Kansas", como Obama se descreve - havia voltado à África para sua primeira viagem prolongada como mais poderoso governante do planeta.
Apesar da frustração pela sua demora, o continente em geral o recebeu como um dos seus. As pessoas tomaram as ruas de Dar es Salaam quando Obama iniciou e encerrou sua visita à Tanzânia, e jovens plateias da África do Sul se puseram de pé para aplaudir seus discursos.
"O seu sucesso é o nosso sucesso. Seu fracasso, goste você ou não, é o nosso fracasso", disse Tutu, arcebispo anglicano emérito da Cidade do Cabo e herói da luta contra o apartheid, durante encontro com Obama em um centro juvenil mantido pela Fundação HIV, de Tutu. "Estamos atados a você. Você nos pertence. E sua vitória é a nossa vitória."
O momento remetia às esperanças despertadas na África pela eleição de Obama, em 2008, quando o continente anteviu um futuro de relações mais estreitas com os EUA.
O primeiro mandato de Obama frustrou essa expectativa, pois Obama praticamente evitou o continente, exceto por uma rápida visita a Gana. Agora, ele busca compensar o tempo perdido com uma nova ofensiva comercial e a promessa de levar a eletricidade a milhões de pessoas.
Durante seu discurso na Cidade do Cabo, Obama mencionou a origem do seu pai, algo que raramente ele faz, e estabeleceu uma conexão entre o seu próprio começo no ativismo político e o movimento antiapartheid liderado por Mandela, hoje com a saúde fragilizada.
Antes, na ilha senegalesa de Gorée, ponto de partida de milhões de escravos para as Américas, Obama fez uma rara referência à sua própria raça, dizendo que o fato de ser afro-americano aumentou sua motivação para lutar pelos direitos humanos no mundo.
"Ele parece ter entendido que as pessoas da África se correlacionam com a história pessoal dele, e se sentiu mais livre para dizer isso em solo africano do que em seu país", disse Richard Downie, subdiretor do Programa de África do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, em Washington.
A acolhida nesta viagem não foi, na verdade, tão calorosa quanto em 2009 em Gana, onde enormes multidões se reuniram para ver o líder então recém-eleito. Sua política externa motivou alguns protestos hostis na África do Sul, e o próprio Tutu mencionou um fracasso relevante nesses quatro anos e meio de governo Obama: sua incapacidade de desativar a polêmica prisão militar de Guantánamo, encravada em Cuba.
"A euforia que tomou conta deste continente quando o presidente Obama foi eleito está sumindo", disse Nkepile Mabuse, que moderou um encontro de jovens líderes com Obama no campus Soweto da Universidade de Johanesburgo.