Combinação de imagens de Mitt Romney (E) e Barack Obama: o multimilionário Romney, de 65 anos, poderá ser alvo de questões sobre seus complexos acertos fiscais no exterior (©AFP / -)
Da Redação
Publicado em 3 de outubro de 2012 às 17h53.
Denver - O presidente democrata Barack Obama e seu adversário republicano Mitt Romney finalmente ficarão cara a cara nesta quarta-feira no primeiro dos três debates eleitorais, restando 33 dias para que os eleitores decidam o destino da Casa Branca.
Obama chega ao debate em Denver (Colorado) com uma apertada vantagem em sua tentativa de ser o segundo democrata a conseguir um segundo mandato desde a Segunda Guerra Mundial.
Romney, em segundo lugar em quase todos os estados-chave que decidirão quem levará os 270 votos eleitorais necessários para chegar à Presidência, busca uma mudança radical nesta corrida que parece estar perdida para ele.
Ambos se encontrarão na Universidade de Denver, no estado das Montanhas Rochosas, às 19h00 locais (23h00 de Brasília) preparados para discutir sobre economia e outros assuntos internos.
No entanto, o prestigioso apresentador Jim Lehrer, que mediará o debate para dezenas de milhões de espectadores do país, terá alguma liberdade de manobra sobre as regras acertadas pelas equipes de campanha dos candidatos para evocar também outros temas polêmicos.
Isso significa que Obama, de 51 anos, poderá enfrentar várias perguntas sobre as contínuas mudanças nas versões de seu governo em relação ao ataque contra o consulado de Estados Unidos em Benghazi, Líbia, realizado em 11 de setembro passado.
Da mesma forma, o multimilionário Romney, de 65 anos, poderá ser alvo de questões sobre seus complexos acertos fiscais no exterior. Os democratas querem apresentá-lo como alguém indiferente aos problemas da classe média.
Romney precisa reorientar seu discurso eleitoral com urgência, principalmente depois do vazamento de um vídeo gravado por uma câmera oculta no qual afirmava que 47% dos americanos se comportam como 'vítimas', não pagam impostos e dependem do governo.
Obama e Romney, que raras vezes se encontraram ou se falaram, passaram vários dias aperfeiçoando as técnicas de debate e as táticas ofensivas e de defesa.
O senador por Ohio, Rob Portman, tem feito o papel de Obama nos ensaios de debate de Romney, enquanto que o senador e ex-candidato democrata à Presidência, John Kerry, assumiu o papel de Romney na preparação de Obama.
Questionado pelos jornalistas sobre se estava pronto para o debate, Romney respondeu: "Estou nele".
Obama preferiu ignorar as perguntas da imprensa a respeito.
As duas partes estão praticando o jogo habitual de expectativas, com a equipe Obama tentando prever quais serão os dardos que serão disparados contra o presidente.
Os republicanos, que evocam as habilidades de debate de Obama, torcem para que um Romney mais forte do que o esperado possa se sair bem neste primeiro confronto e com o impulso necessário para seguir com boas chances na corrida eleitoral.
Várias pesquisas nacionais divulgadas antes do debate mostram ainda uma disputa acirrada pelos votos, com uma leve vantagem para Obama.
A pesquisa do Wall Street Journal e do canal NBC News dão a Obama intenções de voto entre 46 e 49%, em consonância com uma pesquisa realizada pelo site especializado RealClearPolitics.com, que mostra uma vantagem de 3,5 pontos para o líder democrata.
Outra pesquisa realizada pelo jornal The Washington Post e pelo canal ABC News, apresentada na segunda-feira, dá a Obama uma estreita vantagem de 49 a 47%. Os eleitores de alguns estados indecisos, que na maioria das vezes decidem a eleição, estão do lado de Obama por 52% a 41%.
O presidente também lidera nos estados-chave da eleição, como Virgínia, Ohio e Flórida.
Nesta fase final, as equipes jogam suas últimas cartas, usando qualquer argumento contra o outro, em uma batalha diária para ganhar as manchetes dos jornais e os primeiros lugares no noticiário.
Vários sites da mídia conservadora, por exemplo, publicam imagens de um discurso pronunciado em 2007 em que Obama - então senador - elogiava seu polêmico ex-pastor Jeremiah Wright, que acusava o governo de racismo e delitos contra os afroamericanos.
O discurso, amplamente difundido, mostra um Obama mais duro, reclamando das lentas respostas do governo federal aos distúrbios em Los Angeles, em 1991, e à passagem do furacão Katrina, fatos que afetaram gravemente a comunidade afroamericana.
"Grande parte do que vimos em nossas telas de televisão há 15 anos em Los Angeles foi uma expressão persistente e onipresente, um trágico legado da história trágica que este país nunca chegou plenamente a aceitar", afirmou Obama.
Os assessores democratas rejeitaram o vídeo e o classificaram como uma "enfadonha tentativa" de desenterrar velhas histórias.
Na terça-feira, os republicanos ficaram encantados com um discurso do vice-presidente Joe Biden, que disse que a classe média foi "enterrada" nos últimos quatro anos.
Os democratas saíram logo em defesa de Biden, dizendo que ele se referia às políticas do presidente George W. Bush.
Paul Ryan, companheiro de chapa de Romney, deu uma resposta mordaz.
"O desemprego superou os 8% nos últimos 43 meses. Nossa economia continua cambaleando. O vice-presidente Biden justo hoje disse que a classe média nos últimos quatro anos foi 'enterrada'. Estamos de acordo", afirmou.
No entanto, os debates, frequentemente promovidos como decisivos, raramente mudam as tendências das eleições.
Mas alguns presidentes em exercício, como Gerald Ford em 1976 e George Bush (pai) em 1992, tropeçaram neles e terminaram jogando fora as suas aspirações à reeleição. Por isso, Obama precisa ficar atento, apesar de liderar as pesquisas.