Mitt Romney e Barack Obama: no duelo da última terça-feira, os dois procuraram se mostrar como o candidato mais preparado para responder aos interesses das mulheres (Getty Images / Scott Olson)
Da Redação
Publicado em 17 de outubro de 2012 às 21h07.
Washington - O voto feminino se tornou protagonista nas eleições presidenciais dos Estados Unidos após ser um dos assuntos centrais no segundo debate entre os candidatos presidenciais Barack Obama e Mitt Romney ontem e também por estar presente nos últimos anúncios das campanhas, veiculados nesta quarta-feira.
A palavra "mulheres" foi uma das mais repetidas no segundo debate entre o democrata Obama e o republicano Romney e levou a momentos de tensão entre os dois.
Essa defesa das mulheres chega num momento no qual Romney ganha terreno de Obama entre o eleitorado feminino. Além disso, as mulheres costumam decidir seu voto mais tarde e dar importância às mensagens políticas que recebem pela imprensa, garantem os analistas.
Apesar do retrocesso do democrata, na maioria dos estados Obama (52%) mantém certa distância de Romney (43%) entre as mulheres, mas nos estados indecisos, aqueles que devem determinar o nome do próximo presidente, estão praticamente empatados: 49% para Obama contra 48% para Romney, segundo uma pesquisa do Instituto Gallup publicada ontem.
No duelo diante de milhões de espectadores na última terça-feira, os dois procuraram se mostrar como o candidato mais preparado para responder aos interesses das mulheres.
Obama defendeu seu histórico como um presidente que avançou neste assunto e Romney acabou com as ambiguidades ao se distanciar da ala mais conservadora do seu partido.
O democrata acusou Romney de querer acabar com o financiamento de serviços de saúde destinados às mulheres, de se opor à equiparação salarial e de bloquear o acesso aos anticoncepcionais.
"Todas as mulheres no país deveriam ter acesso aos anticoncepcionais", replicou Romney, acabando com as reiteradas ambiguidades do republicano nesta matéria.
Com efeito, as políticas de planejamento familiar preocupam as mulheres americanas. 30% das eleitoras garantem que a posição dos candidatos neste assunto terá influência em seu voto, o dobro do percentual entre os homens (15%).
Até agora, Obama foi visto como o candidato com melhores aptidões para tramitar políticas de planejamento familiar (56%), ao superar em 21 pontos o seu rival republicano, segundo a pesquisa do Instituto Gallup.
Ambas as campanhas redobraram hoje seus esforços para atrair o voto feminino com novos anúncios.
O comercial da campanha de Romney mostra uma votante que comprova na internet se o republicano é realmente contrário ao aborto e aos anticoncepcionais como ela pensa.
"Procurei e vi que Mitt Romney não se opõe em absoluto aos anticoncepcionais e acredita que o aborto é uma opção em alguns casos como nos estupros e nos casos de risco para a vida da mãe", conta a mulher no anúncio.
A propaganda de Obama acusa seu rival de se mostrar "condescendente" com as mulheres e acusa Romney de não ter defendido "a igualdade de salários" entre ambos os sexos.
As esposas de Romney e Obama são boas aliadas neste assunto.
Antes do debate presidencial da terça-feira, tanto Michelle Obama quanto Ann Romney deram depoimentos e concederam entrevistas para redes de televisão de peso para falar de seus esposos e de assuntos de gênero.
As duas têm melhor imagem que seus maridos, segundo um estudo da rede "ABC" e do jornal "The Washington Post". Michelle Obama lidera o "feedback" positivo (67% contra 55% de seu marido), na frente de Ann Romney (56% contra 47% do candidato republicano).
Há décadas o número de mulheres registradas para votar supera os homens, segundo o Center for American Women and Politics, que estima o número de eleitores mulheres na escolha presidencial de 2008 em 70,4 milhões.
Em 2008, calcula-se que as mulheres votaram muito mais por Obama (56%) que por seu rival, John McCain (43%).