Barack Obama: "Ouvi dizer que membros do Congresso acham que é preciso enviar tropas para lutar e morrer em Faluja. O presidente não está de acordo", disse porta-voz da Casa Branca (Jonathan Ernst/Reuters)
Da Redação
Publicado em 6 de janeiro de 2014 às 17h24.
Washington - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, não enviará tropas ao Iraque para combater a rede terrorista Al Qaeda nos confrontos ocorridos na província de Al-Anbar, ao oeste do país, informou nesta segunda-feira a Casa Branca.
"Ouvi dizer que membros do Congresso acham que é preciso enviar tropas para lutar e morrer em Faluja. O presidente não está de acordo", declarou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, em sua primeira entrevista coletiva do ano.
Os EUA reiteraram seu apoio ao Iraque em sua luta antiterrorista e acelerarão o envio de equipamento militar perante os últimos eventos, mas consideram que é o governo iraquiano quem tem que "liderar" as operações contra a rede terrorista.
Faluja foi o palco de uma das mais sangrentas batalhas travadas pelos fuzileiros navais americanos durante a Guerra do Iraque em 2004.
Segundo a imprensa dos EUA, aproximadamente um terço dos quase 4.500 militares americanos mortos no Iraque caíram na província de Al-Anbar lutando contra os milicianos da Al Qaeda.
Uma centena das vítimas americanas morreu na batalha de Faluja, a mais cruel para as forças dos EUA desde a Guerra do Vietnã.
Os senadores republicanos John McCain, ex-candidato presidencial, e Lindsey Graham, denunciaram que o ocorrido em Faluja era "previsível" desde que a Casa Branca decidiu retirar as tropas de combate do Iraque.
"Quando o presidente Obama retirou todas as tropas americanas do Iraque, acima das objeções de nossos comandantes e líderes militares no terreno, muitos de nós previmos que o vazio seria preenchido pelos inimigos dos EUA e que emergiriam como uma ameaça para nossa segurança nacional. Infelizmente, essa realidade é agora mais clara que nunca", afirmaram os senadores em uma declaração conjunta.
Hoje o porta-voz da Casa Branca assegurou que o governo americano está acelerando as entregas de Vendas Militares ao Exterior (FMS, na sigla em inglês) e trabalhando para proporcionar um envio adicional de mísseis Hellfire já no primeiro semestre.
"Estes mísseis são um pequeno elemento para a estratégia, mas demonstraram sua eficácia para evitar que o ISIL (Estado Islâmico do Iraque e Levante) estabeleça seus refúgios no oeste do Iraque", explicou Carney.
"Posso acrescentar que, além desses mísseis Hellfire, através de nosso programa de FMS também proporcionaremos 10 drones ScanEagle de vigilância nas próximas semanas e outros 48 modelo Raven de vigilância no final deste ano", acrescentou.
Pelo menos 11 pessoas morreram hoje, entre elas oito supostos membros da Al Qaeda, e outras 21 ficaram feridas em novos atos de violência ocorridos em diferentes províncias do Iraque.
O Iraque sofre uma escalada da violência confessional e dos atentados terroristas, que causaram durante 2013 a morte de 8.868 pessoas, das quais 7.818 eram civis, segundo números da ONU.
O primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, assegurou neste fim de semana que as forças aéreas não se retirarão das cidades da província de Al-Anbar até que não "eliminem os grupos armados e restabeleçam a segurança e estabilidade na mesma".
Em declarações divulgadas pela televisão estatal, pediu aos iraquianos que defendam a união nacional, condenou a violência e o sectarismo, e disse que, depois do ocorrido nos últimos dias, "só resta se unir para lutar contra o inimigo".
Ahmed Abu Risha, chefe do Conselho de Salvação Iraquiana (milícias sunitas que lutam contra Al Qaeda), indicou em comunicado que os combatentes do Estado Islâmico do Iraque e Levante estão posicionados no centro de Faluja.