Obama: “nossa mudança na política em relação a Cuba tem potencial para acabar com um legado de desconfiança no hemisfério”, disse (REUTERS/Mandel Ngan/Pool)
Da Redação
Publicado em 21 de janeiro de 2015 às 05h41.
Atlanta - O presidente Barack Obama defendeu, nessa terça-feira (20) à noite, que o Congresso americano encerre o embargo econômico e financeiro a Cuba. O apelo ao Legislativo para decidir favoravelmente a Cuba foi durante o tradicional discurso do “Estado da União”, feito pelos presidentes norte-americanos desde 1790.
Além do fim do embargo, Obama pediu o fechamento da prisão americana em Guantánamo, território cubano, e denunciou o que chamou de ressurgimento do antissemitismo contra mulçulmanos em certos lugares do mundo.
“Nossa mudança na política em relação a Cuba tem potencial para acabar com um legado de desconfiança no hemisfério”, disse, referindo-se ao anúncio que fez em dezembro sobre a reaproximação com o país e o governo de Raúl Castro, após 50 anos de rompimento das relações diplomáticas.
No discurso proferido à Nação e ao Congresso por quase uma hora, Obama pediu que os congressistas votem o fim do embargo a Cuba. Ele disse ainda que não vai desistir de acabar com a prisão situada na base norte-americana de Guantánamo, em Cuba, conforme havia prometido no início do seu mandato. “É tempo de acabar o trabalho. Estou decidido e não vou desistir até encerramos a prisão”, disse.
Ele observou que a prisão não “se justifica” e que não faz sentido mantê-la a um custo de US$ 3 mil por prisioneiro.
No cenário externo, Obama demostrou preocupação com o ressurgimento do antissemitismo em “certas partes do mundo” e condenou os “estereótipos” contra os muçulmanos.
“Como americanos, respeitamos a dignidade humana. É por isso que continuamos a rejeitar estereótipos que insultem os muçulmanos, cuja grande maioria partilha o nosso compromisso com a paz ", defendeu, referindo-se às manifestações de repúdio ao jornal francês Charlie Hebdo, no começo deste mês, na França.
O discurso dessa terça-feira foi o primeiro proferido por Obama no Congresso norte-americano depois das eleições legislativas de novembro do ano passado, que deram maioria aos republicanos no Senado e na Câmara dos Deputados.
O presidente também defendeu a igualdade de gênero, destacando que homens e mulheres devem ter salários iguais, e falou do desafio de enfrentar as alterações climáticas.
Sobre o cenário interno, ele lembrou que o país atravessou uma crise em 2008 e que agora vive um momento de recuperação e de crescimento.
O discurso do Estado da União é uma tradição política nos Estados Unidos e foi feito pela primeira vez em janeiro de 1790, pelo então presidente George Washington.