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Obama começa o dia com livro cheio de mortes e destruição

Em entrevista ao site Vox, o presidente conversou sobre sua estratégia atual no Oriente Médio e reconheceu que existem limitações para a atuação dos EUA


	Barack Obama: "Podemos ajudar, mas não podemos resolver", diz o presidente sobre a situação no Oriente Médio
 (Larry Downing/Reuters)

Barack Obama: "Podemos ajudar, mas não podemos resolver", diz o presidente sobre a situação no Oriente Médio (Larry Downing/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 10 de fevereiro de 2015 às 10h19.

São Paulo – Diariamente, o presidente dos Estados Unidos recebe um livro grosso, cheio de mortes, destruição, conflitos e caos e toma o seu chá. Muitas pessoas pensam que eu estou ignorando todas as coisas horríveis que estão acontecendo no mundo, mas é claro que não estou. Lido com elas todos os dias e é assim que começam as minhas manhãs contou Barack Obama.

A declaração de Obama foi feita durante uma longa entrevista concedida por ele ao site americano Vox. A conversa foi divida em duas partes e, na segunda delas, o tema principal foi política externa, especificamente o debate em torno da estratégia atual de sua gestão no Oriente Médio.

Eu cheguei com claras ideias sobre quais seriam os meus objetivos, começou ele. Iríamos encerrar a Guerra do Iraque, impedir que o Irã conseguisse uma arma nuclear, antes pelas vias diplomáticas, além de ajudar a promover o crescimento econômico em países islâmicos e incentivar conversas de paz entre a Palestina e Israel, contou. E estas metas ainda são válidas.

Mas o que as pessoas estão mais preocupadas, e com razão, é com a desordem como, por exemplo, o sectarismo na Síria e no Iraque e a relação instável entre os palestinos e os israelenses. Obstáculos que, na sua visão, vão continuar a impactar diferentes gerações do mundo islâmico e são problemas a serem enfrentados não apenas pelos EUA, mas por todos os países.

Nós temos que ter a humildade de reconhecer que não podemos invadir todos os países sempre que a desordem se instalar, constatou o presidente. Em alguma medida, as populações destes lugares terão que encontrar os seus próprios caminhos. Podemos ajudar, mas não podemos resolver.

Ainda de acordo com ele, é preciso ter em mente os limites de atuação dos EUA no cenário internacional, avaliando os recursos disponíveis para a intervenção e se estes serão eficazes para solucionar a questão.

No Iraque, por exemplo, com a questão do Estado Islâmico (EI), se você pensar que não há limites para atuar, então eu tenho a autoridade de reenviar 200.000 soldados para reocupar o local. Mas penso que isso não seria produtivo para o país, avaliou. Assim que deixássemos o Iraque, e um dia isso aconteceria, os problemas ressurgiriam.

Mas então qual a solução para estabilizar a situação em território iraquiano? 

Bem, de acordo com Obama, a resposta está na capacidade de o governo do Iraque montar uma estrutura diversificada de poder, na qual a maioria xiita esteja preparada para lidar com as minorias curdas e sunitas.

É preciso que o país mostre ser possível unir estes grupos contra a ameaça representada pelo EI e que estejam prontos para batalha. Se conseguir fazer isso, então poderemos ajudar e teremos ainda o auxílio de uma coalizão de 60 países. 

Confira no vídeo abaixo, com legendas em inglês, alguns trechos da entrevista concedida por Obama ao site Vox.

https://youtube.com/watch?v=Icq60Uxd3As%3Frel%3D0

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