Imigrantes no departamento de Imigração dos Estados Unidos em Phoenix, Arizona (Samantha Sais/Reuters)
Da Redação
Publicado em 8 de julho de 2014 às 18h05.
Washington - O governo dos Estados Unidos adotou medidas nesta terça-feira para conter um surto imigratório de crianças da América Central, pedindo 3,7 bilhões de dólares em gastos emergenciais ao Congresso e elaborando planos para priorizar audiências de deportação dos jovens.
Esta foi a resposta mais incisiva do presidente norte-americano, Barack Obama, até o momento na atual luta para controlar a crise humanitária ao longo da fronteira do Texas com o México e rebater as críticas do Partido Republicano, que exige uma reação mais dura.
Um destes críticos, o governador texano, Rick Perry, deve se reunir com Obama em Dallas na quarta-feira. No domingo, Perry acusou o governo de lentidão e pediu o envio de tropas da Guarda Nacional para a fronteira.
O governo dos EUA projeta que no ano que vem cerca de 150 mil crianças de Honduras, El Salvador e Guatemala podem fugir da pobreza generalizada e da violência doméstica e do narcotráfico rumo ao seu território. Mais de 52 mil menores desacompanhados destes três países foram pegos tentando cruzar a fronteira desde outubro, o dobro da cifra do mesmo período do ano passado.
O pedido de 3,7 bilhões de dólares é maior que a estimativa inicial de 2 bilhões de dólares. Autoridades da Casa Branca afirmaram que jamais concordaram com o valor menor e que sabiam que o montante seria maior.
A Casa Branca declarou que a maior porção dos fundos requisitados, cerca de 1,8 bilhão de dólares, irá pagar pelo cuidado com as crianças enquanto estão sob custódia norte-americana.
Outra parte irá financiar o reforço do policiamento na fronteira, a contratação de mais juízes de imigração e o pagamento de programas para desestimular crianças deportadas a tentar entrar ilegalmente nos EUA novamente.
Em separado, um funcionário do Departamento de Justiça disse à Reuters que os EUA planejam priorizar crianças imigrantes em detrimento de adultos nas audiências de deportação.
A nova política, a ser anunciada na quarta-feira, significa que agora os tribunais de imigração poderão ouvir primeiro os menores recém-chegados, enquanto imigrantes adultos não-detidos, incluindo os que buscam asilo, terão que esperar mais.
A América Central, ponto central no trânsito de drogas entre a América do Sul e os EUA, tem um longo histórico de violência de cartéis, e o problema cresceu nos últimos anos devido às disputas por territórios entre cartéis mexicanos brutais.
Honduras tem a maior taxa de homicídio do mundo, de acordo com um relatório de abril da Organização das Nações Unidas (ONU).