Barack Obama: Obama qualificou hoje de ''encorajador'' o fato de que cidadãos com crenças e tendências políticas diferentes se tenham posto de acordo nos últimos dias (©afp.com / Mandel Ngan)
Da Redação
Publicado em 19 de dezembro de 2012 às 19h56.
Washington - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se comprometeu nesta quarta-feira a apresentar em janeiro propostas específicas para um maior controle das armas, ao definir a violência causada por elas como uma ''epidemia'' que assola diariamente um país ainda comovido pela tragédia de Newtown.
Segundo Obama, o país tem ''uma profunda obrigação'' de debater sobre o controle das armas, cuja posse está protegida pela Constituição americana, após o massacre de Newtown, onde na sexta passada Adam Lanza matou 20 crianças e seis adultos em uma escola após ter assassinado sua mãe em casa e antes de suicidar-s''e.
''Desta vez, as palavras devem levar à ação'', afirmou o líder em um discurso na sala de imprensa da Casa Branca , que leva o nome de Jim Brady, secretário de imprensa de Ronald Reagan ferido à bala quando em 1981 um indivíduo tentou matar o então presidente.
Por isso, o vice-presidente Joe Biden, presente hoje no discurso de Obama e que durante seus anos no Senado defendeu controles mais estritos à posse de armas, liderará um grupo de trabalho do qual farão parte os departamentos de Saúde, Justiça, Educação e Segurança Nacional.
Suas recomendações para promover ''reformas reais'' deverão ser repassadas em breve ao presidente, que se comprometeu a apresentar ''propostas muito específicas'' sobre o controle de armas no discurso anual sobre o Estado da União que oferecerá em janeiro.
Obama qualificou hoje de ''encorajador'' o fato de que cidadãos com crenças e tendências políticas diferentes se tenham posto de acordo nos últimos dias sobre a necessidade de abrir um diálogo nacional sobre o tema das armas, que matam a cada ano mais de 10 mil pessoas nos EUA.
Também indicou, no entanto, que acredita na Segunda Emenda da Constituição, que protege o direito ao porte de armas, e destacou que ''a maioria dos proprietários'' do país ''são responsáveis''.
Além disso, o governante ressaltou que há ''um consenso cada vez maior'' sobre a conveniência de proibir os fuzis de assalto e os carregadores de alta capacidade, assim como sobre a necessidade de uma maior verificação de antecedentes aos compradores de armas, e por isso pediu que o Congresso faça algo a respeito.
Nesse sentido, a líder da minoria democrata na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, solicitou hoje uma votação para antes deste sábado de uma medida que proíbe a venda de carregadores de alta capacidade.
Nancy Pelosi anunciou também a criação de um grupo de trabalho sobre o tema das armas no Congresso.
Admitir que o problema da violência causada pelas armas é complexo ''não pode ser uma desculpa para não fazer nada'' ou, pelo menos, ''tentar'', enfatizou hoje Obama.
O enfoque da Casa Branca é abordar não só a legislação sobre a posse de armas, mas também o atendimento a pessoas com problemas mentais, como parece que era o caso de Lanza, em um país sem saúde universal nem gratuita.
Além disso, se trata de ''examinar cuidadosamente uma cultura que glorifica as armas e a violência'', nas palavras de Obama.
Por sua parte, o senador democrata pela Virgínia Ocidental, Jay Rockefeller, disse hoje que apresentou uma medida que exige um estudo sobre o impacto dos videogames violentos nas crianças.
''Vou usar todos os poderes deste cargo para ajudar a avançar nos esforços destinados a prevenir mais tragédias como esta'', reiterou Obama em alusão ao massacre de Newtown, no qual Lanza usou um fuzil semiautomático e duas pistolas.
Acrescentou que o ocorrido em Newtown deveria ser ''um chamado de atenção'' para todos como sociedade e que será preciso ''compromisso'' e ''coragem'' para que as iniciativas surtam efeito.
A simples escolha de Biden, mais progressista em assuntos sociais que o presidente, para liderar o processo político que acaba de começar dá uma ideia da importância que o tema do controle de armas terá no segundo mandato que Obama começará em janeiro.
A tarefa é ingente e resta ver se o presidente manterá o tom conciliador que caracterizou seu primeiro mandato ou se fará prevalecer suas convicções em assuntos delicados como o das armas ou o da esperada reforma migratória. EFE