Para Obama, Brasil passou de receptor de ajuda externa a doador (Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 19 de março de 2011 às 19h25.
Brasília - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou neste sábado o início da operação aliada "Odisseia do amanhecer", que tem como objetivo atacar as defesas antiaéreas líbias e permitir o estabelecimento da zona de exclusão aérea sobre o país norte-africano.
Em declaração concedida em Brasília, Obama revelou: "Hoje autorizei as Forças Armadas dos Estados Unidos a lançarem uma ação limitada contra a Líbia".
"Não é algo que os Estados Unidos ou nossos aliados tenhamos buscado, mas o comportamento de Muammar Kadafi, que continua com seus ataques contra Benghazi, não deixou outra opção".
"Não podemos ficar quietos quando um tirano diz a seu povo que não terá piedade", destacou.
Enquanto o presidente americano falava, a costa líbia começava a receber os primeiros impactos dos mísseis Tomahawk americanos. Até o momento, segundo indicou o Pentágono, foram lançados 110, que atingiram 20 alvos.
Obama teve cuidado ao ressaltar que a iniciativa foi tomada para responder "aos apelos da população líbia e proteger os interesses dos Estados Unidos e do mundo".
O presidente, que prometeu durante sua campanha eleitoral pôr um fim na Guerra do Iraque e do Afeganistão, afirmou que em nenhum caso os soldados americanos pisarão em solo líbio.
"Sou muito consciente dos riscos desta iniciativa", declarou em sua breve declaração a jornalistas.
O objetivo é dar início à zona de exclusão aérea imposta pela resolução 1973 que o Conselho de Segurança da ONU aprovou na quinta-feira passada, e que autoriza medidas militares para proteger a população líbia dos ataques das forças de Kadafi.
"Trabalhamos com uma ampla coalizão", assegurou o presidente americano.
Os EUA e outros quatro aliados começaram neste sábado os primeiros ataques contra os sistemas antimísseis líbios, em uma operação à qual se deu o nome de "Odisseia do amanhecer".
Os primeiros ataques foram feitos contra pontos do litoral do golfo de Sirte, segundo indicou o vice-almirante William Gortney em uma teleconferência concedida de Washington.
Segundo Gortney, à frente da operação se encontra o general Carter Ham, responsável do comando americano para a África.
De acordo com o vice-almirante, a operação visa por um lado impedir que as tropas líbias possam atacar a população, em particular nos arredores de Benghazi e, por outro, neutralizar as defesas antiaéreas líbias de modo que se possa pôr em prática a zona de exclusão aérea.
A operação será executada em diferentes fases, explicou o militar, que não declarou quanto tempo será necessário para completar a primeira parte da operação.
Os primeiros alvos da coalizão estão no litoral do golfo de Sirte e, a partir daí, os ataques irão se aprofundar no país, para progredir em direção leste-oeste.
Gortney indicou que nos últimos dias, e apesar de sua promessa de um cessar-fogo, Kadafi "continuou com a ofensiva e com seus avanços em direção a Benghazi".
Em entrevista coletiva posterior, o militar se recusou a falar sobre operações futuras, embora tenha insistido que não há tropas americanas desdobradas no território líbio e que nenhum avião dos EUA sobrevoa o país neste momento.
"Mais de 110 mísseis de cruzeiro Tomahawk lançados de navios e submarinos americanos atingiram mais de 20 sistemas de defesa aérea integrados e outras instalações", afirmou Gortney em suas declarações à imprensa.
O alto responsável militar evitou avaliar o êxito da operação, que pode durar "horas" ou "dias", e disse que será necessário "algum tempo" antes de se ter uma ideia precisa do alcance dos ataques.
Horas antes da intervenção, Kadafi, em um claro desafio à comunidade internacional e à resolução da ONU, lançou suas forças a Benghazi, símbolo da insurreição contra o regime de Trípoli.