Trump: o presidente dos EUA também ridicularizou as "desculpas" de Trump para explicar sua queda nas pesquisas (Lucas Jackson / Reuters)
Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2016 às 18h00.
"É a própria democracia que está em jogo" nas eleições de 8 de novembro nos Estados Unidos - alertou o presidente Barack Obama, nesta sexta-feira (14), em discurso contra o republicano Donald Trump, durante comício da candidata democrata, Hillary Clinton.
No momento em que Trump é arrastado por uma onda infernal de escândalos, a ex-secretária de Estado busca manter um perfil discreto, deixando por alguns dias que seus influentes cabos eleitorais - entre eles o casal Obama - assumam a tarefa de atacar seu oponente republicano.
"A civilidade está em jogo nesta eleição. A tolerância está em jogo. A cortesia está em jogo. A honestidade está em jogo. A igualdade está em jogo. A gentileza está em jogo. Todo o progresso que fizemos nos últimos oito anos está em jogo. A própria democracia está em jogo neste momento", enumerou Obama, em Cleveland, no estado-chave de Ohio, no norte dos EUA.
"Donald Trump ameaça prender seus opositores políticos. Ou calar a imprensa. Ele celebra a ingerência dos russos no nosso processo eleitoral. Esse é alguém que... agora está sugerindo que, se a campanha não transcorrer como ele quer, não é por causa de todas as coisas que ele disse, mas porque a eleição é fraudulenta e uma farsa. Vocês sabem... Alguns países funcionam assim, e são tiranias que praticam a opressão", afirmou Obama.
O presidente americano também criticou Trump por ter dito, em um comício na véspera, que Hillary Clinton participava de um complô com "bancos internacionais para destruir a soberania americana, com o objetivo de enriquecer seus poderes financeiros mundiais, seus amigos de grupos de interesse e seus doadores".
Ele também ridicularizou as "desculpas" de Trump para explicar sua queda nas pesquisas.
"Sempre acho interessante ver essas pessoas que bancam os durões nas palavras, mas não nos atos", alfinetou.
O discurso de Obama foi o segundo golpe do casal presidencial em Trump esta semana, depois da sensação causada pelo pronunciamento da primeira-dama Michelle contra o "vergonhoso" republicano.
As 'provas' de Trump
A maré desfavorável não contém Trump, que continua sua furiosa campanha para rebater as acusações de comportamento inadequado, ou de abuso sexual, feitas por várias mulheres desde o último fim de semana, depois do vazamento de um vídeo de 2005.
Nesta sexta (14), Kristin Anderson se uniu às já alegadas vítimas do republicano. Em entrevista ao jornal The Washington Post, ela contou que, no início dos anos 1990, em uma boate de Nova York, Donald Trump tocou sua vagina, metendo a mão por baixo de sua saia. Uma porta-voz do candidato disse que ele negou os fatos.
"Eu nem mesmo sei quem são essas pessoas. É uma vergonha", declarou Trump na quinta-feira (13).
O magnata republicano acusa a imprensa de se unir contra ele, e sua equipe previa um contra-ataque nesta sexta.
"Antes do fim do dia, provas serão tornadas públicas para pôr essas alegações em xeque", prometeu o vice da chapa republicana, Mike Pence, em entrevista à rede CBS.
Em contraste, a candidata democrata fazia campanha já quase como presidente, tranquila com sua vantagem de mais de cinco pontos, em média, nas pesquisas.
Há quatro anos, dia após dia, o candidato republicano Mitt Romney fazia dois grandes comícios. Em uma mesma semana, chegava a fazer 12 atos de campanha. Hillary Clinton? Apenas cinco, entre segunda e quarta-feiras.
Desde ontem, ela participa de reuniões para arrecadação de fundos na costa oeste e deu uma entrevista para o talk show de Ellen DeGeneres, em Los Angeles.
"Não quero que as pessoas achem que essa eleição acabou, porque tudo foi imprevisível até agora. Mas eu não dou nada como certo. Temos de trabalhar muito duro nas próximas três semanas e meia", disse ela à apresentadora.
Sua agenda diz o contrário, porém. Sua próxima aparição pública talvez seja apenas no terceiro e último debate contra Donald Trump, na quarta-feira que vem (19), em Las Vegas.
E a sangria no Partido Republicano continua.
Preocupados com sua reeleição no Congresso, vários políticos republicanos se distanciaram de Trump e de suas polêmicas, enquanto alguns reafirmaram seu voto - apesar de tudo - com o objetivo de conter Hillary Clinton, ou de impedir a Suprema Corte de dar uma guinada progressista, já que o sucessor de Barack Obama poderá nomear um, ou vários juízes.