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Obama adverte contra negociações 'conflitivas' pelo Brexit

"Ninguém tem interesse em negociações longas e conflitivas", disse Obama em uma coletiva de imprensa


	Barack Obama: "ninguém tem interesse em negociações longas e conflitivas", disse o presidente americano em uma coletiva de imprensa
 (Carlos Barria / Reuters)

Barack Obama: "ninguém tem interesse em negociações longas e conflitivas", disse o presidente americano em uma coletiva de imprensa (Carlos Barria / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2016 às 19h55.

O presidente americano, Barack Obama, lançou uma séria advertência à União Europeia (UE), nesta sexta-feira (8), sobre eventuais negociações conflitivas no processo de divórcio com o Reino Unido, seu melhor aliado na Europa.

Em Varsóvia, Obama aproveitou para enviar uma clara mensagem a Londres e a Bruxelas para que avancem de maneira amigável no processo de ruptura.

"Ninguém tem interesse em negociações longas e conflitivas", disse Obama em uma coletiva de imprensa em Varsóvia, antes de participar da última cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de seu mandato.

Obama dividia a cena com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, e o da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

Washington acompanhou de perto o processo britânico que terminou com a decisão de que o Reino Unido saia da União Europeia, o chamado "Brexit", abrindo caminho para um incerto e inédito processo ainda não ativado por Londres, apesar das pressões das capitais europeias.

Potência nuclear e membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, o Reino Unido é o melhor aliado dos Estados Unidos na Europa, com quem mantém uma "relação especial".

Obama disse estar "confiante" em que UE e Londres conseguirão uma "transição ordenada".

"Este talvez seja o momento mais importante para as relações transatlânticas desde o fim da Guerra Fria", afirmou Obama, em uma coluna publicada nesta sexta-feira pelo jornal Financial Times.

Reino Unido 'não dá as costas'

Ao chegar, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, que participa, assim como Obama, de sua última cúpula da Aliança Atlântica, afirmou que o Reino Unido não está "dando as costas à Otan".

Cameron, cujo país é o principal contribuinte europeu da Aliança, também declarou que "a Grã-Bretanha não terá um papel menor no mundo".

Já o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, voltou a insistir em que o Brexit mudará inevitavelmente seus vínculos com a UE, "mas não a posição de liderança do Reino Unido dentro da Otan".

Stoltenberg também assinou com Tusk e Juncker uma declaração conjunta que esboça como devem ser as relações entre Otan e UE.

Em Varsóvia, os 28 líderes da Otan reafirmaram sua presença no Leste Europeu, outrora sob a influência de Moscou. Também ratificaram a maior reforma de sua "defesa coletiva" desde o fim da Guerra Fria, em resposta à anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014, e à desestabilização na Ucrânia.

A cúpula, que continuará no sábado, acontece na simbólica capital polonesa. Foi lá que, em 1955, a então União Soviética assinou o Pacto de Varsóvia para contrabalançar a criação, anos antes, da Aliança Atlântica.

Esboçado pela Otan na cúpula de Gales em 2014, o plano de resposta "Readiness Action Plan" estimula os membros da Aliança a respeitar um mínimo de gastos militares de 2% do PIB e a cessar os cortes.

Para acalmar os aliados que se tornaram independentes de Moscou no início dos anos 1990, a Otan decidiu reforçar sua "Força de Resposta" (NRF, Nato Response Force), triplicando seus efetivos para 40.000 soldados e criando uma "ponta de lança" ("Spearhead") de 5.000 homens capaz de ser mobilizada em apenas alguns dias diante de qualquer foco de crise.

Os presidentes também aprovaram oficialmente envios adicionais à Polônia e aos três países Bálticos.

Quatro batalhões multinacionais (com entre 600 e 1.000 militares cada um) serão enviados com base em uma rotação nesses quatro países que compartilham fronteira com a Rússia. Na Polônia, Obama confirmou a mobilização de mil militares americanos.

Essa decisão não tem precedentes desde o fim da Guerra Fria e da Ata Fundacional de 1997, que rege as relações Otan-Rússia e que estabelecia a redução das forças convencionais na Europa e na Rússia.

Rússia 'não é uma ameaça'

A unidade, com a qual os aliados prepararam a cúpula, pareceu desvanecer nesta sexta-feira com a chegada do presidente francês, François Hollande.

Hollande estimou que a Otan não deve ditar o tipo de relação que a Europa deve ter com a Rússia, país considerado um "sócio" por ele.

"A Rússia não é um adversário, não é uma ameaça", disse.

Para Moscou, é a Otan que ameaça sua segurança, avançando sobre o que eram seus "satélites". Os russos reservam suas maiores advertências, porém, ao escudo antimísseis que os Estados Unidos desenvolvem na Europa.

Stoltenberg comentou que os líderes da Aliança aprovaram pôr sob o comando da Otan essa primeira fase do escudo antimísseis declarada operacional, insistindo em que não se dirige à Rússia.

Os americanos alegam que o escudo é um recurso para proteger seu território, assim como o de seus aliados, de eventuais ataques com mísseis balísticos do Irã e da Coreia do Norte.

"Essa defesa antimísseis é feita para proteger, em relação a outras ameaças, não as que nos querem fazer crer [como sendo uma] vindo da Rússia", minimizou Hollande.

O escudo antimísseis neutralizaria a doutrina de dissuasão nuclear.

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