Publicado em 9 de março de 2025 às 09h00.
Os países que enriqueceram nas últimas décadas não se destacaram apenas por vender mais para o exterior. Segundo um estudo do Growth Lab da Harvard Kennedy School, a diversificação e a complexidade das exportações são mais determinantes para o crescimento econômico do que o simples aumento no volume comercializado .
A pesquisa, liderada pelo economista Ricardo Hausmann, reforça que a exportação de commodities, como soja e minério de ferro, não garante desenvolvimento . O fator decisivo é a capacidade de produzir bens e serviços sofisticados – como eletrônicos, produtos químicos avançados, aeronaves e medicamentos –, setores que exigem mais conhecimento e inovação.
O estudo mostra como economias asiáticas avançaram rapidamente, enquanto países como Brasil e Argentina ainda enfrentam dificuldades para alcançar o status de nações desenvolvidas.
Para um país crescer de forma sustentável, suas exportações precisam evoluir para produtos mais complexos. Isso significa sair de uma economia baseada em matérias-primas e avançar para setores como manufatura de alta tecnologia, biotecnologia e serviços especializados.
Um exemplo citado no estudo é a Coreia do Sul, que, nos anos 1960, era um país agrícola e pobre. Com investimentos em educação, infraestrutura e tecnologia, conseguiu diversificar sua indústria, exportando desde eletroeletrônicos até veículos e semicondutores. Hoje, está entre as economias mais avançadas do mundo.
Em contrapartida, países ricos em recursos naturais, como Brasil e Argentina, mantiveram alta dependência de commodities, com pouca diversificação. O resultado foi um crescimento instável, sempre vulnerável às oscilações nos preços internacionais.
Segundo Hausmann, países que desejam acelerar o crescimento precisam investir em setores que demandam mais conhecimento técnico e inovação. Para isso, é essencial uma estratégia que combine políticas industriais, investimentos em educação e incentivos à tecnologia.
O estudo destaca que economias bem-sucedidas criaram um ambiente favorável para empresas desenvolverem produtos mais sofisticados, ampliando sua complexidade econômica . Esse avanço envolve fortalecer setores estratégicos como farmacêutico, tecnologia da informação e automação.
Para seguir esse caminho, especialistas sugerem que o Brasil reduza sua dependência de commodities e estimule a produção de bens de maior valor agregado. Sem essa transição, o país arrisca oscilar entre períodos de crescimento e estagnação, sem alcançar um desenvolvimento sustentável.
O relatório de Harvard reforça um ponto central: não é o volume exportado que torna um país rico, mas sim o tipo de produto que ele consegue vender . Para o Brasil e outros emergentes, a lição é clara: apostar apenas em commodities pode gerar crescimento momentâneo, mas sem inovação e diversificação, a economia fica vulnerável.
A longo prazo, um crescimento sustentável exige um esforço conjunto entre governo e setor privado para criar um ambiente propício à inovação e à produção de bens sofisticados. Esse, segundo os pesquisadores, é o verdadeiro caminho para o sucesso econômico.