Mulher com um bebê no colo chora em meio a devastação de uma área atingida por Haiyan (Getty Images)
Vanessa Barbosa
Publicado em 14 de julho de 2014 às 17h12.
São Paulo – Não, as mudanças climáticas não são um problema futuro. Secas, enchentes, furacões, incêndios e temperaturas extremas estão em ascensão em todo o mundo, causando perda de vidas e atrasando o desenvolvimento econômico e social por anos, se não décadas. Os números estão aí para provar.
De 1970 a 2012, 8.835 desastres naturais causaram cerca de 1,94 milhão de mortes e danos econômicos de 2,3 trilhões de dólares globalmente, quase um Brasil em PIB, aponta um novo estudo da Organização Meteorológica Mundial (OMM).
O Atlas de Mortalidade e Perdas Econômicas ligadas a extremos do clima e desastres relacionados à água descreve a distribuição e os impactos das catástrofes naturais ao longo de quatro décadas.
Efeitos reais
Tempestades e inundações foram responsáveis por 79% do número total de desastres, causando 55% das mortes e 86% de perdas econômicas no período, de acordo com o Atlas.
Já as secas causaram 35% das mortes, principalmente devido às severas secas africanas de 1975 e 1983-1984.
O relatório destacou a importância de informações históricas georreferenciadas sobre mortes e danos para estimar os riscos antes de ocorrer o próximo desastre.
Essas informações podem apoiar decisões práticas na redução dos impactos, a partir, por exemplo, da melhoria dos sistemas de alerta precoces, do reforço da infraestrutura para situações críticas ou da reformulação das regras para novas construções.
O Atlas também fornece detalhes sobre as catástrofes a nível regional.
África: de 1970 a 2012, 1.319 desastres registrados causaram a perda de 698.380 vidas e prejuízos econômicos de 26,6 bilhões de dólares.
Embora as inundações tenham sido o tipo mais recorrente de desastre (61%), as secas levaram ao maior número de mortes.
Ásia: cerca de 2.681 desastres foram registrados no período de 1970 a 2012, causando a perda de 915.389 vidas e prejuízos econômicos de 789 bilhões de dólares.
A maioria destes desastres foram atribuídos a inundações (45%) e tempestades (35%).
Apesar da menor ocorrência, as tempestades fizeram o maior número de mortos (76 %) enquanto inundações causaram a maior perda econômica (60 %).
América do Sul: de 1970 a 2012, 696 desastres resultaram em 54.995 vidas perdidas e 71,8 bilhões de dólares em prejuízos econômicos.
No que diz respeito aos impactos, as inundações causaram a maior perda dos óbitos (80%) e as maiores perdas econômicas (64%).
O evento mais significativo no período foi a inundação e deslizamento de terra que ocorreu na Venezuela no final de 1999 e causou 30.000 mortes.
América do Norte, América Central e Caribe: foram 631 desastres que causaram a perda de 71.246 vidas e prejuízos econômicos somados de 1 trilhão de dólares. A maioria dos desastres registrados nestas regiões foi atribuída a tempestades (55%) e inundações (30%).
Sudoeste do Pacífico: a região registrou 156 desastres no período entre 1970 a 2012, que resultaram em 54.684 mortes e 118,4 bilhões de dólares em perdas econômicas. Tempestades respondem por 46% dos danos e inundações por 38%.
Europa: 352 desastres registrados ceifaram 149.959 vidas e causaram 375,7 bilhões de dólares em prejuízos econômicos. Inundações (38%) e tempestades (30%) foram os desastres mais relatados, mas temperaturas extremas levaram à maior proporção de óbitos (94%).
Ao todo, 72.210 pessoas morreram durante a onda de calor infernal que atingiu a Europa em 2003 e outras 55.736 foram a óbito durante a onda de calor de 2010 na Rússia.