Mogadíscio, capital da Somália, é alvo de atentados terroristas: mais de 300 pessoas morreram após explosões no último sábado (Feisal Omar/Reuters)
Gabriela Ruic
Publicado em 16 de outubro de 2017 às 15h00.
São Paulo – O último final de semana foi de horror em Mogadíscio, capital da Somália, quando veículos-bomba explodiram em áreas conhecidas pela alta concentração de pessoas.
A primeira detonação, que atingiu, ainda, um caminhão-tanque, aconteceu no coração da cidade, próxima do Hotel Safari, local popular entre estrangeiros, mas destruiu vários edifícios da região, a embaixada do Qatar, inclusive. A segunda se deu no distrito de Madina.
O episódio vem sendo considerado por especialistas como o ataque terrorista mais violento em décadas no país, que é um dos mais afetados por esse tipo de atividade. Só em 2017, a Somália vivenciou mais de 50 ataques terroristas. 38 deles apenas em sua capital.
Abaixo, confira tudo o que se sabe sobre o último incidente a abalar território somali.
Até o momento, autoridades confirmam que o número de mortes já ultrapassou a marca de 300. A expectativa, no entanto, é que tal siga aumentando nos próximos dias.
A quantidade de mortos e a gravidade do estado das pessoas feridas acabou por sobrecarregar os hospitais de Mogadíscio. Como resultado, muitas vítimas foram transferidas para a Turquia para receber atendimento médico.
Até o momento não há confirmação oficial sobre os autores. Tudo aponta, no entanto, para o grupo terrorista Al Shabaab, que tem ligações com a rede Al Qaeda e iniciou uma insurgência contra o governo somali em 2007. Desde então, vem conduzindo ataques terroristas por todo o país, mas especialmente na capital, de onde foi expulso em 2011.
No início de 2017, os militantes ameaçaram aumentar a frequência e a intensidade de seus atentados depois que Estados Unidos e o recém-eleito governo de Mohamed Abdullahi Mohamed anunciaram esforços para combater o grupo.
Além disso, especialistas avaliam que as explosões do último sábado são coerentes com o modus operandi do Al Shabaab, que já evitou reivindicar ataques terroristas violentos para proteger a sua popularidade. Um exemplo, lembra a agência Reuters, foi um ataque conduzido em 2009, durante a formatura de alunos de medicina.
Jason Warner, diretor de pesquisas sobre a África e professor da academia militar de West Point, também lembrou dessa característica na atuação dos militantes. “O Al Shabaab não irá reivindicar esse ataque não porque não está envolvido, mas porque o número de fatalidades causará danos à sua reputação”, notou.
Shabaab likely not claiming the attack NOT because they didn't do it, but because widespread civilian casualties are bad PR. https://t.co/Vg9lntsdOo
— Dr. Jason Warner (@warnjason) October 15, 2017
A Somália, país que abriga pouco mais de 11 milhões de pessoas, vive à beira do caos. Além da luta contra o extremismo islâmico, majoritariamente focada no Al Shabaab, o país parece não conseguir se desvencilhar de crises humanitárias que seguram a sua população na pobreza.
Atualmente, sofre, ainda, com uma das secas mais severas já vistas. Números recentes da Organização das Nações Unidas dão conta de que 1,5 milhão de pessoas foram afetadas por esse fenômeno e que o fantasma da fome ameaça mais de 3 milhões de somalis.