Catalunha: a lista de centros de votação não foi publicada (Albert Gea/Reuters)
AFP
Publicado em 27 de setembro de 2017 às 17h13.
Última atualização em 27 de setembro de 2017 às 19h46.
As autoridades catalãs estão determinadas a organizar no domingo (1°) um referendo de autodeterminação da região, que o governo espanhol faz de tudo para impedir.
A seguir o que se sabe sobre as medidas para realizá-lo:
A Guarda Civil espanhola, que multiplica as operações de busca e apreensão, confiscou cerca de 10 milhões de cédulas de voto, aparentemente desferindo um sério golpe à organização.
Por isso, o encarregado das Relações Exteriores da região, Raul Romeva, declarou à AFP que poderiam imprimir novas cédulas.
"Podemos garantir que tudo o que faz falta para poder votar existe. As cédulas podem ser voltar a ser impressas tantas vezes quanto o necessário, o censo já temos, as urnas estão lá, as seções de votação também".
As forças de ordem ainda não as encontraram. Segundo o jornal El Mundo nesta quarta, a Polícia suspeita que tenham sido distribuídas por fábricas de pão e uma grande cadeia de supermercados em seus caminhões, e já estariam nos municípios.
Das 948 prefeituras catalãs, 712 (entre elas cinco das 10 cidades mais povoadas da região), anunciaram que participarão da votação ou irão se manter neutras, como Barcelona, Terrassa, Badalona, Sabadell e Reus. Os grandes centros que participam representam 2,3 milhões de habitantes dos 7,5 milhões da Catalunha.
A lista de centros não foi publicada.
A Procuradoria ordenou na terça-feira que a Polícia regional, os Mossos d'Esquadra, identifique os centros de votação e seus responsáveis, os isole e coloque sob vigilância a partir de sexta-feira até a noite de domingo, 1º de outubro, e evite que votem a 100 metros do local.
Os Mossos disseram que respeitarão a diretriz com a condição de não gerar um risco importante de perturbação da ordem pública.
As listas eleitorais deveriam ser transparentes e públicas, mas não foram divulgadas.
A lei eleitoral, adotada pela maioria separatista do Parlamento regional em 6 de setembro, mas suspensa pelo Tribunal Constitucional, detalha que os eleitores são 5,5 milhões, "residentes na Catalunha ou no exterior".
Para saber onde devem votar, os eleitores têm que consultar sites onde colocam o número de seu documento de identidade. Estas páginas da Internet mudam regularmente porque a Justiça as fecha. Na noite de terça-feira cerca de 60 foram fechadas.
Um colaborador da AFP conseguiu descobrir o local do seu centro de votação, mas diversos membros de sua família não conseguiram, sem ter a quem se dirigir para saber.
Nesta quarta-feira, o vice-presidente catalão, Oriol Junqueras, anunciou o lançamento de um canal no aplicativo de mensagens instantâneas Telegram para encontrar os locais de votação.
Esta comissão de cinco membros e seus delegados provinciais renunciou para evitar multas diárias de entre 6.000 e 12.000 euros impostas pelo Tribunal Constitucional.
O Executivo catalão poderia nomeá-lo no último minuto para reduzir o montante das multas.
Segundo a Comissão de Veneza, um órgão do Conselho da Europa especializado na democracia por meio do direito, um referendo deve ser organizado por um "órgão imparcial".
Mas a comissão eleitoral foi designada pelo governo separatista e seus membros tinham laços com os independentistas.
De acordo com o El Mundo, a Polícia busca a central de informação que deve recolher os resultados da contagem de votos, que estaria nos arredores de Barcelona.
A segurança é uma das questões que mais preocupa moradores e autoridades.
Os Mossos consideram que é "mais provável" que o fato de isolar as seções eleitorais provoque "perturbações da ordem pública".
As autoridades catalãs apelam constantemente à calma e ao civismo. Mas para prevenir qualquer eventualidade, o governo espanhol enviou para a região dois terços de seus agentes antidistúrbios e mais de 10.000 agentes das forças de ordem, fora os 16.000 'mossos'.
dois terços de seus agentes antidistúrbios e mais de 10.000 agentes das forças de ordem, fora os 16.000 'mossos'.