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O que é um conclave? Como ele define um novo Papa?

Palavra vem do latim, 'cum clavis', e significa 'fechado à chave'; momento é marcado por votos em sigilo, apreensão pelas fumaças e acontece na Capela Sistina

Cardeais não têm direito de se abster nem de votar em si mesmos (Max Rossi/AFP)

Cardeais não têm direito de se abster nem de votar em si mesmos (Max Rossi/AFP)

Publicado em 22 de abril de 2025 às 12h07.

Última atualização em 22 de abril de 2025 às 13h03.

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Após a morte do papa Francisco nesta segunda, 21, o termo 'conclave', voltou a ficar em alta. O processo acontece no Vaticano e inclui uma assembleia de cardeais regida por regras rígidas, durante a qual os cardeais se isolam do mundo exterior para evitar pressões até terem escolhido um novo papa.

Mas afinal, o que é um conclave? Entenda o que significa e como é feito todo o processo de definição de um novo papa.

O que é conclave?

A palavra "conclave" vem do latim, "cum clavis", e significa precisamente "fechado à chave". O sistema de fechar os cardeais teve início no Concílio Lyon II (1274).

Em contexto geral, conclave é uma reunião fechada, com acesso restrito a participantes específicos. No entanto, o termo é mais conhecido pelo seu uso no contexto da Igreja Católica. Assim, no Vaticano, conclave é o nome dado ao processo no qual os cardeais da Igreja se reúnem para eleger um novo Papa

Quando o conclave acontece?

Segundo veículos italianos, o novo conclave deve acontecer entre 5 e 10 de maio e deve reunir 135 cardeais aptos (com menos de 80 anos) a votarem no novo chefe da Igreja Católica. Eles se fecharão no recinto da cidade do Vaticano, declarado zona de conclave.

Antes, todo o Colégio Cardinalício, incluindo os maiores de 80 anos, terão realizado as chamadas congregações ou assembleias para debater o estado da Igreja e definir o perfil do sucessor de Francisco.

O novo Papa será eleito em uma das votações que serão realizadas na Capela Sistina. Durante a duração do conclave, os cardeais serão proibidos de utilizar qualquer tipo de comunicação com o exterior, sem telefone ou computadores. Não poderão enviar mensagens eletrônicas ou alimentar suas contas nas redes sociais.

Como funciona o conclave?

No início do conclave, os cardeais farão um juramento de silêncio. Além dos cardeais, todos os funcionários do serviço que têm acesso a eles também deverão jurar que manterão segredo sobre tudo o que tiver relação com as reuniões, sob pena de excomunhão.

O conclave terá início com uma missa votiva, após a qual os cardeais se dirigirão em procissão até a Capela Sistina, local da eleição, cantando o "Veni Crator" para invocar a ajuda do Espírito Santo, segundo a Constituição Apostólica.

Além disso, o mestre de cerimônias pronuncia o "Extra omnes!" ("Fora todos!", ordenando que aqueles que não tenham a ver com a eleição saiam do recinto).

As portas se fecham e ficam sob a proteção da Guarda Suíça.

Para ser eleito, um cardeal precisará de uma maioria de dois terços. O voto é secreto. Os cardeais não têm direito de se abster nem de votar em si mesmos.

Como é feito o anúncio?

Na Capela Sistina serão realizadas duas votações matutinas e duas vespertinas. Duas vezes ao dia, uma depois de cada rodada, os papéis são queimados. A cor da fumaça que sairá da chaminé anuncia ao mundo o resultado: preta, se ainda não houver uma decisão, e branca, se um novo Papa tiver sido eleito.

Um repique de sinos de São Pedro se somará ao anúncio do evento, e assim tudo será mais claro para a imprensa e para os milhares de católicos que seguirão o evento.

Se depois do terceiro dia nenhum candidato alcançar o mínimo exigido, a Constituição estabelece uma pausa de 24 horas, que será dedicada "à oração, ao colóquio (...) e a uma breve exortação espiritual".

Se ocorrerem outras sete votações inúteis, será feita outra pausa de um dia.

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Atuação do novo sucessor

O último ato do conclave é a pergunta que três cardeais fazem ao eleito: "Aceita sua eleição como Sumo Pontífice?". Após a resposta afirmativa, segue outra pergunta, "Quo nomine vis vocari?" ("Como quer ser chamado?").

Depois de ser parabenizado pelos cardeais, o sucessor do Papa argentino, que poderá escolher livremente seu nome, se dirigirá a uma pequena sala contígua onde o esperam três hábitos papais (de tamanhos pequeno, médio e grande) para se vestir. Costuma ser chamada de "Sala das Lágrimas", já que parece que todos os eleitos, sem exceção, choram ali em relativa intimidade diante da magnitude da responsabilidade que acabam de assumir.

Em seguida, o novo Papa vai à sacada da basílica de São Pedro depois que o protodiácono, neste caso o cardeal francês Jean Louis Tauran, anunciar aos fiéis: "Habemus papam!" para ser apresentado à multidão reunida na gigantesca praça de São Pedro no Vaticano.

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