O Egito teme que centenas de milhares de refugiados palestinos nunca mais sejam autorizados a regressar (MAHMUD HAMS/AFP)
Redação Exame
Publicado em 11 de outubro de 2023 às 18h09.
Última atualização em 11 de outubro de 2023 às 18h09.
A Faixa de Gaza tem este nome por ser, literalmente, uma faixa no mapa: tem 11 quilômetros de largura e 40 quilômetros de extensão e ocupa área de 360 km², equivalente a um quarto da cidade de São Paulo. No entanto, é um dos lugares mais citados no noticiário internacional, por ser cenário de um conflito com israelenses desde 1948.
No último fim de semana, houve um novo capítulo dos embates: terroristas do grupo Hamas saíram de lá para um ataque a Israel, que deixou mais de mil mortos e cerca de 150 reféns. Analistas apontam que, em retaliação, forças de segurança israelense devem invadir Gaza em breve, para retaliar o ataque e tentar neutralizar as forças do Hamas. Isso já aconteceu outras vezes após ações do grupo palestino em Israel.
Até 1918, a região onde atualmente ficam Gaza e Israel eram parte do Império Otomano. Depois do fim da Primeira Guerra Mundial, o território ficou sob controle do Reino Unido. Em 1947, a ONU aprovou um plano de divisão da Palestina entre árabes e judeus, e a cidade de Gaza e seus arredores ficariam sob controle dos árabes. Depois da Segunda Guerra, milhares de judeus foram para a região, fugindo da perseguição alemã e dos horrores do Holocausto.
No entanto, no dia em que os britânicos se retiraram da região, em 15 de maio de 1948, começou uma guerra entre judeus e palestinos. Neste conflito, os israelenses ganharam território dos árabes, que lutavam com apoio do Egito, e a área de Gaza acabou reduzida ao território atual. A fronteira atual da faixa de Gaza foi definida em um armistício, de 1949.
Gaza recebeu muitos refugiados palestinos que tiveram de deixar suas casas em meio à guerra, que ficavam em territórios capturados por Israel.
De 1949 a 1967, a Faixa de Gaza esteve sob controle do Egito, mas mantida como território à parte: seus moradores podiam estudar e trabalhar, mas não se tornarem cidadãos egípcios nem migrar para outras partes do país. Tampouco podiam voltar para as terras que antes possuíam e que passaram a ser parte de Israel.
Na Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel retomou a Faixa de Gaza do Egito, e ocupou a região militarmente até os anos 1990, quando iniciou uma transição de governo da região para a Autoridade Palestina. A retirada completa de tropas israelenses só foi concluída em 2005. Israel manteve forte controle das fronteiras, para impedir que palestinos acessem livremente seu território.
No entanto, em 2007, o grupo Hamas passou a controlar o governo na Faixa de Gaza, após ser bem votado nas eleições palestinas. Isso fez com que Israel, Estados Unidos e Europa adotassem sanções contra Gaza. O governo israelense, Israel adotou medidas duras contra a região como impedir a importação de combustível.
Nos anos seguintes, houve vários momentos de tensão, com troca de ataques de mísseis, entre Gaza e Israel. Em 2014, houve uma das maiores crises: depois que três adolescentes foram sequestrados, forças israelenses invadiram Gaza, em uma ofensiva que durou 50 dias. Mais de 5.000 locais em Gaza foram atacados. Novos embates ocorreram entre os dois lados nos anos seguintes.
A população de Gaza é estimada em 2,1 milhões de pessoas, segundo dados do CIA World Factbook, sendo que 98% são muçulmanos. A região tem muitos jovens: a idade média da população é de 18 anos, e quase 40% dos moradores tem até 14 anos.