Combatente do Exército Livre da Síria é fotografado em Afrin, norte da Síria (Khalil Ashawi/Reuters)
Gabriela Ruic
Publicado em 15 de março de 2018 às 06h00.
Última atualização em 16 de março de 2018 às 15h36.
São Paulo – O dia 15 de março de 2011 ficará marcado para sempre para todo o mundo, especialmente os sírios: após a chegada da onda pró-democracia que a “Primavera Árabe” causou nos países do Oriente Médio e norte da África, era a vez da Síria se mobilizar e protestar por mudanças.
A reivindicação principal? O fim do governo de Bashar Al-Assad e uma transição democrática. No poder desde o início dos anos 2000, Assad ascendeu à presidência após a morte do seu pai, Hafez, que ocupava o posto desde 1970. As demonstrações, pacíficas, aconteceram na capital Damasco e em Daraa, mas foram violentamente reprimidas.
Em pouco tempo, a situação se transformou em uma guerra entre tropas pró-governo e insurgentes. As proporções dessa guerra só aumentaram e seus contornos se tornaram ainda mais complexos com a competição entre potências globais pelo futuro desse país. Hoje, seu território está retaliado, a população imersa em uma crise humanitária sem precedentes e não há qualquer sinal de que Assad deixará o poder.
Sete anos depois do início do conflito, o cenário em território sírio é de destruição. No infográfico abaixo, EXAME montou um retrato da realidade da Síria e da sua população em 2018.
De acordo com Ghadi Sary, analista da consultoria de riscos políticos Governance House, baseado em Beirute (Líbano), nos últimos meses, a guerra se intensificou em diferentes frentes: no norte do país, a Turquia e rebeldes contra os curdos; em Damasco, a Rússia e tropas pró-governo lutam para retomar Ghouta. “Estamos diante de um de um imenso plano de ação militar a nível regional e internacional”, constatou.
A amplitude do envolvimento militar das potências, avaliou ele, combinada com o fracasso das conversas de paz e cessar-fogo por parte da Rússia, aliada de Assad, e da Organização das Nações Unidas, só agravam um cenário já fragilizado, uma vez que as partes envolvidas seguem apostando na defesa dos seus interesses no campo de batalha e não na diplomacia.
Sem a expectativa de que essa guerra possa estar perto do fim, o que esperar daqui em diante? Para Sary, observar os próximos movimentos da relação entre a Rússia e o Ocidente, bem como os da Turquia serão essenciais. Contudo, o analista espera que a tensão entre as potências internacionais aumente ainda mais, ao mesmo tempo em que a participação dos sírios nos próximos capítulos diminua.