Iraque: embora se considere que o Irã está por trás desses grupos, outras organizações xiitas que não estão ligadas a Teerã também estão envolvidas na operação (Khaled Abdullah / Reuters)
Da Redação
Publicado em 7 de junho de 2016 às 16h14.
As milícias xiitas desempenham um papel essencial na batalha travada pelas tropas iraquianas pela reconquista da cidade de Fallujah, nas mãos do grupo Estado Islâmico (EI), apesar de seu envolvimento provocar polêmica.
Oficialmente, essas milícias combatem dentro das unidades paramilitares dos Hashed al-Shaabi (Mobilização Popular) e sob comando do primeiro-ministro, Haider Al-Abadi.
Quem são essas milícias
Uma miríade de milícias estão envolvidas na ofensiva de Fallujah, lançada em 22 de maio, incluindo as mais poderosas do país, como Ketaeb Hezbollah (Brigadas do Partido de Deus), ou a organização Badr e Asaib Ahl al-Haq (Liga dos Justos).
Embora se considere que o Irã está por trás desses grupos, outras organizações xiitas que não estão ligadas a Teerã também estão envolvidas na operação, e são próximas da autoridade religiosa xiita suprema no Iraque.
Mas também integram as unidades Hashed al-Shaabi várias tribos sunitas locais.
Cerca de 30.000 combatentes das unidades Hashed participaram das fases iniciais da ofensiva contra Fallujah.
Com um total de cerca de 60.000 combatentes, as unidades Hashed representam a maior força armada no Iraque.
Apesar das grandes operações serem geralmente confiadas aos serviços de elite antiterrorista, as Hashed conseguiram importantes vitórias contra o EI desde 2014.
Seu papel
Estas milícias desempenharam um papel essencial na primeira fase da ofensiva, penteando áreas nos arredores de Fallujah, cortando rotas de abastecimento e reforçando o cerco da cidade.
Também recuperaram setores da região que estavam nas mãos do EI, como Garma e Saqlawiya.
A tarefa que lhes foi confiada está quase no fim e, nas áreas recuperadas, as forças das unidades Hashed começam a ceder terreno para o exército e a polícia.
O governo deixou claro que estas unidades têm apenas um papel de apoio para a segunda fase da ofensiva, e não devem entrar no centro de Fallujah.
Mas o comandante das poderosas unidades Hashed, Abu Mahdi al Mohandis, advertiu neste domingo que suas forças não ficariam "com os braços cruzados", esperando que as forças de elite controlem a cidade.
Polêmica
Algumas milícias xiitas foram acusadas de violência sectária contra civis sunitas em operações anteriores.
Assim, a sua participação em uma ofensiva contra um dos redutos mais emblemáticos do EI na vasta província sunita de Al-Anbar é percebida como potencialmente explosiva.
Embora seus líderes abstenham-se de qualquer declaração inflamatória, alguns militantes acreditam que o combate em Fallujah lhes permitiria vingar os atentados que atingiram recentemente Bagdá.
Além disso, as suas ligações com o Irã e seu envolvimento em ataques contra o exército de ocupação durante a invasão do Iraque em 2003, faz deles aliados incômodos para a coalizão internacional liderada por Washington, que fornece apoio aéreo.
Abusos em Fallujah
Vários líderes políticos sunitas de Al-Anbar acusaram as milícias xiitas de maus-tratos e tortura de civis sunitas durante a operação, mas poucos detalhes foram fornecidos para apoiar estas alegações.
Após apelos da ONU e de organizações de defesa dos direitos humanos, o premiê iraquiano, Haider al-Abadi, prometeu investigar qualquer fato ou abuso e levar à justiça os responsáveis.