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O líder bolivariano que comandou a Venezuela por 14 anos

No dia 30 de junho de 2011, Chávez surpreendeu o mundo anunciando em Cuba que estava com câncer e que tinha sido operado 20 dias antes para a retirada de um tumor

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 5 de março de 2013 às 20h11.

Caracas - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que liderou durante 14 anos o país petroleiro sob os preceitos do denominado "socialismo do século XXI", morreu nesta terça-feira aos 58 anos em Caracas após uma batalha de 20 meses contra o câncer.

Hugo Rafael Chávez Frias era o segundo dos seis filhos homens do casamento entre professores rurais, nasceu no dia 28 de julho de 1954 em Sabaneta, no estado de Barinas (sudoeste), onde foi criado humildemente por sua avó paterna, Rosa Inés.

Aficionado por pintura, leitura e matemática, sua infância transcorreu de forma feliz entre partidas de beisebol na rua - a sua maior paixão - e a venda de doces de coco feitos por sua avó.

Com a finalidade de se tornar um arremessador nas principais ligas de beisebol dos Estados Unidos, Chávez se mudou para Caracas em 1971 para se alistar na Academia Militar sem uma vocação clara, mas com a esperança de que a capital lhe ajudaria em seu sonho esportivo.

Em 1975, se graduou como subtenente e se formou em "Ciências e Artes Militares, ramo de Engenharia", título com o qual voltou a sua terra natal, onde se casou com Nancy Colmenares, com quem teve três filhos: Rosa Virgínia, María Gabriela e Hugo Rafael.

Seguiu sua carreira nas Forças Armadas onde começou a tramar planos conspiratórios junto com outros companheiros contra o sistema político estabelecido na Venezuela, que culminaram no trágico levante popular de 1989, conhecido como "El Caracazo".

No dia 4 de fevereiro de 1992 liderou um fracassado golpe de Estado contra o presidente Carlos Andrés Pérez, assumindo a responsabilidade dos fatos e saiu da vida política com seu célebre "por enquanto".


Ficou preso em Yare, sendo libertado dois anos mais tarde pelo indulto do então presidente, Rafael Caldeira, em troca de sua saída das Forças Armadas.

Já com certa fama pelo golpe fracassado, Chávez se lançou na carreira política e ganhou as eleições de 1998 com 56,2% dos votos se tornando uma alternativa, em meio ao desgaste dos partidos tradicionais.

Paralelamente, em 1997, casou-se pela segunda vez com a locutora Marisabel Rodríguez, com quem teve uma filha, Rosinés, e da qual depois se separou.

Sob a nova Constituição Bolivariana, aprovada em dezembro de 1999, Chávez foi confirmado no cargo no dia 30 de julho de 2000 com o 59% dos votos.

Em 11 de abril de 2002, após a aprovação de várias leis polêmicas, uma grande manifestação contra Chávez acabou em conflitos e num golpe de Estado que o depôs por apenas 48 horas.

Nove meses mais tarde, em dezembro, uma greve geral indefinida conhecida como a "greve petroleira" reivindicou sua renúncia e se estendeu por dois meses, até o dia 3 de fevereiro de 2003, sem conseguir derrubar o líder socialista.

No dia 15 de agosto de 2004, Chávez ganhou um referendo revogatório convocado pela oposição e foi confirmado novamente no cargo enquanto se preparava para as eleições legislativas de dezembro de 2005, que ganhou de forma absoluta após a retirada dos partidos de oposição que alegaram desconfiança no processo.


Um ano mais tarde, no dia 3 de dezembro de 2006, ganhou sua segunda reeleição para o período 2007-2013 com mais de 62% dos votos e, 12 dias mais tarde, anunciou a criação de um partido único para aglutinar as forças governistas: o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).

2007 foi um ano complicado no qual Chávez iniciou uma onda de nacionalizações, como a tomada das empresas petrolíferas da rica Faixa do Orinoco, e decidiu não renovar em maio a concessão do histórico canal privado "RCTV", crítico ao seu governo, gerando fortes protestos na rua.

Em dezembro desse ano, o líder perdeu com 50,7% de votos contra um plebiscito de reforma constitucional que incluía sua reeleição ilimitada.

No entanto, em fevereiro de 2009, a Venezuela deu o sinal verde para a reeleição ilimitada de Chávez através de um referendo de emenda constitucional.

Após rupturas e reconciliações de relações com países como os Estados Unidos e Colômbia, em setembro de 2010, Chávez perdeu a maioria qualificada do Parlamento com 97 das 165 cadeiras para o PSUV e deixando 67 assentos nas mãos da oposição, em sua volta ao plenário.

No dia 30 de junho de 2011, Chávez surpreendeu o mundo anunciando em Cuba que estava com câncer e que tinha sido operado 20 dias antes para a retirada de um tumor do "tamanho de uma bola de beisebol" na região pélvica, do qual nunca foram divulgados boletins médicos.

Apesar de ter garantido em várias ocasiões que havia superado a doença, Chávez passou um total de quatro vezes pela sala de cirurgia - duas em junho de 2011, uma em fevereiro e a última em dezembro de 2012 - e se submeteu a várias sessões de quimioterapia e radioterapia, a maioria delas em Havana.

No dia 7 de outubro de 2012, após ter confirmado que se encontrava livre do câncer, conseguiu sua terceira reeleição diante do candidato de oposição, Henrique Capriles, por 55,26% dos votos.

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