Donald Trump: em 2016, o mesmo hacker já havia descoberto outra senha do presidente, "yourefired", em referência ao programa "O Aprendiz" (Bloomberg/Getty Images)
Carolina Riveira
Publicado em 17 de dezembro de 2020 às 12h55.
Última atualização em 17 de dezembro de 2020 às 13h04.
Procuradores da Holanda confirmaram que um hacker no país descobriu a senha do perfil no Twitter do presidente americano, Donald Trump. O responsável, Victor Gevers, de 44 anos, não invadiu necessariamente a conta: ele descobriu a senha por conta própria ao testar o termo "maga2020!".
"MAGA" é a abreviação para Make America Great Again (ou tornar a América grande de novo), que é o lema do presidente.
Os procuradores holandeses afirmaram que Gevers não deve ser processado porque não invadiu a conta, mas descobriu a senha legalmente e avisou as autoridades do ocorrido logo depois, visando proteger a segurança da conta às vésperas da eleição americana.
"Acreditamos que o hacker de fato acessou a conta de Trump", disse o governo holandês, segundo o jornal The Guardian, mas deve ser liberado por "circunstâncias especiais" ao ter agido como um "hacker ético" e ter tomado a atitude "responsável" de alertar as autoridades, uma especificidade que consta na lei holandesa.
O caso ocorreu em outubro, semanas antes da eleição, marcada para 3 de novembro, na qual Trump terminaria perdendo o cargo para o rival democrata Joe Biden. Na ocasião, a história chegou a se tornar pública, mas o Twitter disse que a conta não havia sido invadida e as autoridades da Holanda não confirmaram o caso.
A Casa Branca também negou que a conta tenha sido hackeada, mas ainda não comentou o caso ou a senha do presidente.
Gevers, ao acessar o Twitter do presidente Trump, chegou a postar prints comprovando que havia obtido a senha. As autoridades holandesas apontam ainda que há outras provas de que o acesso à conta realmente aconteceu.
Logo após divulgar que havia acessado a conta, Gevers disse ao jornal holandês De Volkskrant que ficou surpreso com a facilidade e com o fato de o presidente não usar medidas como a verificação em duas etapas, que envia um código de acesso a um e-mail ou celular. "Eu esperava ser bloqueado depois de quatro tentativas [de senha]. Ou ao menos ser solicitado a fornecer informação adicional", disse.
Ao jornal, o hacker afirmou ainda que o serviço secreto americano o agradeceu pelo alerta de que a conta estava potencialmente desprotegida. Em 2016, o próprio Gevers e colegas já haviam obtido acesso à conta de Trump, antes de ele se tornar presidente -- na ocasião, a senha era "yourefired", referência ao programa "O Aprendiz", que Trump, então empresário do setor imobiliário, apresentou nos EUA.