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O genocídio de 1994 em Ruanda

O genocídio de Ruanda, instigado pelo regime extremista hutu, deixou 800 mil mortos entre abril e julho de 1994


	Crânios no memorial do genocídio: homens, mulheres e crianças são mortos a machadadas, por granadas e morteiros nas ruas, em suas casas e até nas igrejas
 (Simon Maina/AFP)

Crânios no memorial do genocídio: homens, mulheres e crianças são mortos a machadadas, por granadas e morteiros nas ruas, em suas casas e até nas igrejas (Simon Maina/AFP)

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Da Redação

Publicado em 7 de abril de 2014 às 13h49.

Kigali - O genocídio de Ruanda, instigado pelo regime extremista hutu, deixou 800 mil mortos entre abril e julho de 1994, principalmente entre a minoria tutsi, mas também entre hutus moderados, segundo informações da ONU.

Na noite de 6 de abril de 1994, o avião do presidente ruandês, o hutu Juvenal Habyarimana, foi abatido sobre Kigali quando retornava da Tanzânia depois de ter participado de negociações de paz com a rebelião da Frente Patriótica Ruandesa (FPR, principalmente tutsi, atualmente no poder).

Um dia depois, o primeiro-ministro hutu moderado, Agathe Uwilingiyimana, dez capacetes azuis belgas da Missão de Observação das Nações Unidas (MINUAR) encarregada de sua proteção e vários ministros foram assassinados.

Começavam assim os massacres em grande escala.

O poder, dominado pelos hutus, acusa os tutsis de conluio com a rebelião procedente de Uganda, que havia penetrado no norte do país em 1990.

De todos os níveis da administração são criadas listas de pessoas que devem ser eliminadas. As milícias hutu "Interahamwe" e as Forças Armadas Ruandesas (FAR) matam metodicamente os "Inyenzi" ("as baratas", em idioma kinyarwanda, como os tutsis são chamados), assim como hutus opositores do partido de Habyarimana e os que se negam a participar dos massacres.

As ruas de Kigali são bloqueadas, os milicianos e os militares vasculham as casas. As milícias "Interahamwe", inicialmente o "movimento juvenil" do partido de Habyarimana, se convertem em uma autêntica máquina de extermínio.


Os massacres se estendem a todo o país. Homens, mulheres e crianças são mortos a machadadas, por granadas e morteiros nas ruas, em suas casas e até mesmo nas igrejas e escolas, onde acreditavam estar seguros.

A população, mobilizada pelas autoridades e pelos meios de comunicação - com a tristemente famosa Radiotelevisão Livre das Mil Colinas (RTLM), que se converteria no principal "meio de comunicação do ódio" - participa dos massacres, dos saques e dos estupros sistemáticos.

A MINUAR é incapaz de deter o banho de sangue, diante de uma comunidade internacional paralisada. No dia 21 de abril, no auge dos massacres, o Conselho de Segurança da ONU decide, por razões de segurança, reduzir consideravelmente o efetivo da MINUAR a apenas 270 homens.

No dia 28 de abril de 1994, a ONG Médicos Sem Fronteiras-Bélgica anuncia que está ocorrendo um autêntico genocídio. "É o horror total. Estamos no coração das trevas", declara o porta-voz da CICV.

No dia 4 de julho, o FPR toma Kigali, colocando fim aos massacres. A vitoria dos rebeldes provoca, por sua vez, um êxodo de centenas de milhares de hutus em direção ao vizinho Zaire (atualmente República Democrática do Congo), tendo como pano de fundo a operação militar-humanitária "Turquesa" realizada pela França.

No dia 8 de novembro, a ONU cria o Tribunal Penal Internacional para Ruanda (TPIR) em Arusha (Tanzânia).

Quatro anos mais tarde, o TPIR pronuncia suas primeiras penas de prisão perpétua e inclui o estupro e a violência sexual nos atos de genocídio. Estas decisões constituíram o primeiro reconhecimento pela justiça internacional de genocídio contra a minoria tutsi ruandesa.

O TPIR julgou desde então vários responsáveis pelos massacres. Além disso, cerca de dois milhões de pessoas, ruandeses, compareceram diante de tribunais populares, os gacaca, por seu suposto papel no genocídio. E 65% das pessoas julgadas nestes tribunais foram consideradas culpadas.

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