Jacob Zuma, presidente da África do Sul
Da Redação
Publicado em 14 de fevereiro de 2018 às 06h35.
Última atualização em 14 de fevereiro de 2018 às 07h23.
O presidente sul-africano, Jacob Zuma, deve ser afastado do cargo nesta quarta-feira por decisão de seu partido, o Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês). Zuma ocupa a presidência desde 2009.
A cúpula do partido se reuniu na segunda-feira e havia estipulado um limite de 48 horas para que o governante deixasse o posto, prazo que expira nesta quarta. Porém, o presidente já pediu entre três a seis meses para renunciar.
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A decisão do partido revela um momento de grave crise política na África do Sul. O pedido de Zuma de permanecer mais tempo no cargo não foi aceito, e foi visto como uma tentativa de desafiar as lideranças do partido, que governa o país desde o fim do apartheid, há 24 anos. Caso o presidente se negue a deixar o cargo, a ANC pode entrar com uma ação de não-confiança contra ele no Congresso.
O afastamento de Zuma é visto como urgente para reestabelecer a integridade das instituições públicas no país. Contra o político, existem 783 acusações de corrupção e por fraude numa negociação de armamentos antes mesmo de ele se tornar presidente, mas que foram arquivadas pelo Ministério Público em 2009.
Em setembro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal do país afirmou que uma decisão de anular as acusações foi irracional. Ainda não há uma decisão final sobre o assunto, mas os casos possivelmente poderão ser reabertos.
Durante seu governo, não faltaram escândalos. Um deles é o de ter desviado verbas de fundos estatais para fazer uma reforma em sua casa, no valor de 24 milhões de dólares. Ele foi condenado a devolver para os cofres públicos 510.000 dólares, e pediu desculpas à população pelo “deslize”, alegando que não houve má fé na utilização dos recursos.
A oposição sul-africana já tentou tirar Jacob Zuma do cargo uma série de vezes, sem sucesso. Agora, a ideia da cúpula de seu partido é que o vice-presidente do país, Cyril Ramaphosa, assuma o cargo até as próximas eleições, em 2019.
Desde 2010, o PIB sul-africano encolheu 30%, para cerca de 294 bilhões de dólares, redução que fez com o que o país, tradicionalmente a maior economia do continente, fosse ultrapassado por Nigéria e Egito.