Teto da dívida norte-americana hoje é 17 vezes maior do que em 1979 (Karen Bleier/AFP)
Da Redação
Publicado em 11 de julho de 2011 às 18h46.
Washington - A lentidão das negociações no Congresso dos Estados Unidos para aumentar o teto da dívida do governo fez ressurgir uma história esquecida há tempos: quando Washington atrasou durante vários dias o pagamento de credores em 1979.
Nessa ocasião, o Departamento do Tesouro não tinha conseguido pagar três séries de títulos com vencimento em 26 de abril, em 3 de maio e 10 de maio. Em cada um dos casos precisou de vários dias para pagar.
A situação é parecida hoje em dia: um governo que implora ao Congresso subir o teto da dívida, advertindo sobre consequências imprevisíveis; legisladores pouco favoráveis a aumentá-lo e uma situação orçamentária deficitária.
O Congresso tinha votado finalmente em 2 de abril o aumento do limite da dívida.
No entanto, pouco depois, o Tesouro teve problemas técnicos para enviar seus cheques a tempo à multidão de investidores individuais. No total, 120 milhões de dólares de reembolsos chegaram com atraso.
Depois de ter vacilado, o Estado federal decidiu pagar juros suplementares para compensar este atraso.
Segundo Terry Zivney e Richard Marcus, dois economistas que dez anos depois analisaram a reação do mercado, as consequências foram além: nos meses seguintes, Estados Unidos tiveram de pagar um juros mais alto para endividar-se, segundo seus cálculos.
"São as únicas cifras que temos sobre um default dos Estados Unidos. Sem surpresa, isso mostra que inclusive um default temporário não é boa ideia", comentava em maio Donald Marron, ex-economista da Casa Branca, referindo-se ao artigo de Zivney e Marcus.
Nessa época, o teto da dívida tinha sido estabelecido em 830 bilhões de dólares. Hoje é 17 vezes mais alto, de 14,3 trilhões de dólares.