Iniciativas sustentáveis, como a reciclagem de produtos e a reutilização da água, inclusive para o consumo, foram apontadas como ferramentas e caminhos a serem seguidos (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 20 de junho de 2012 às 15h29.
Rio de Janeiro - Dois bilhões de cidadãos ainda não tem acesso a saneamento. São pessoas que vivem principalmente nos países do Hemisfério Sul. “É impressionante como esse tipo de informação não horroriza mais as pessoas”, constata Santha Nair, representante do Department of Fresh Water da Índia. Apenas 40 países em todo o mundo, e apenas um no continente europeu, têm na constituição o direito à água garantido. E muitos daqueles que têm acesso, recebem água suja e sem tratamento apropriado.
“Milhões de pessoas morrem todos os anos por beber água poluída”, afirmou Loïc Fauchon, presidente do World Water Council Board of Governors. Segundo ele, a água está diretamente ligada à segurança da saúde. “A segurança hídrica é fundamental para a sobrevivência do ser humano”.
A discussão fez parte do debate que teve como tema “Água”, durante os Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável, evento paralelo da Rio+20, primeira iniciativa desse tipo na história da conferência, em que a sociedade civil foi convidada a refletir sobre questões e formular recomendações que serão entregues aos Chefes de Estado.
Por ser um bem público, a água precisa de governança. Jeff Seabright, vice-presidente do Environment and Water Resources da Coca-Cola, afirmou que o uso e custo dos recursos hídricos devem ser definidos em políticas locais. Nos Estados Unidos, por exemplo, o consumo per capita de água já chega a 540 litros, enquanto no Brasil a média é de 150 litros. “Há um uso excessivo da água”, alerta a indiana Santha Nair. “Estamos falando de uma economia vermelha, que sangra nossos rios e florestas”. Somente o setor agrícola utiliza 70% da água potável disponível.
Para o brasileiro Benedito Braga, presidente da International Water Resources Association (IWRA), o setor de água necessita de uma regulamentação mais rígida. “Precisamos também de uma estrutura hídrica mais resiliente”, diz.
Assim como foram criadas novas tecnologias na agricultura para aumentar a produção de alimentos, Braga acredita que pesquisas e investimentos podem garantir à preservação e o uso inteligente dos recursos hídricos. Iniciativas sustentáveis, como a reciclagem de produtos e a reutilização da água, inclusive para o consumo, foram apontadas como ferramentas e caminhos a serem seguidos.