Madri se apronta para a final: livre circulação de torcedores permite a rotatividade da cidade que recebe a partida decisiva (Sergio Perez/Reuters)
Da Redação
Publicado em 31 de maio de 2019 às 06h17.
Última atualização em 31 de maio de 2019 às 06h31.
Enquanto vive um tortuoso processo para deixar a União Europeia, o país Reino Unido parar neste sábado, 1º de junho, diante de um evento bastante europeu: a final da Liga dos Campeões da Europa, que reúne os melhores times de futebol do continente. A edição de 2019 tem como finalistas dois times ingleses, Tottenham e Liverpool.
Os clubes chegaram às finais depois de conseguir viradas históricas ante seus oponentes, o holandês Ajax e o espanhol Barcelona, respectivamente. Após a virada do Liverpool (que perdeu de 3×0 em Barcelona e fez inacreditáveis 4×0 na volta em casa), o líder da oposição britânica, Jeremy Corbyn, disse no Parlamento que “talvez a primeira-ministra possa pegar algumas dicas do senhor Klopp [técnico do Liverpool] sobre como vencer na Europa”. May respondeu dizendo que, tal como Klopp conseguiu uma virada nos últimos minutos, ela também poderia acordar o Brexit, saída da União Europeia, aos 45 do segundo tempo.
Não deu muito certo. May renunciou na semana passada ao cargo que ocupa desde 2016, após ter falhado em passar no Parlamento o acordo que negociou junto à União Europeia para a saída. O Reino Unido deveria ter saído da UE em março deste ano, mas prorrogou o prazo até outubro. Como ainda não deixaram o bloco oficialmente, os britânicos também votaram nas eleições para o Parlamento da União Europeia. O”Partido do Brexit”, recém-fundado pelo nacionalista Nigel Farage, foi o mais votado no país, enquanto o Partido Conservador de May ficou apenas em quinto.
O mesmo Jürgen Klopp, técnico do Liverpool, também fez piada misturando Brexit e futebol. Em entrevista coletiva, disse que “ao menos os grandes clubes ingleses querem permanecer na Europa”, fazendo referência ao fato de que, além da Liga dos Campeões, os também ingleses Arsenal e Chelsea chegaram à final da Liga Europa, segunda maior competição continental (com vitória do Chelsea nesta quarta-feira, 29, por 4×1).
Klopp, que é alemão, é declaradamente anti-Brexit. “Não há um único momento na história em que divisão criou sucesso”, disse ao jornal The Guardian. A lógica vale para o futebol inglês: no elenco do Liverpool e do Tottenham, mais de 70% dos jogadores são estrangeiros. A Inglaterra tem a liga mais cara da Europa, com valor de 8,52 bilhões de euros nesta temporada, grande parte usada para atrair jogadores mundo afora (ante 5,7 bilhões da liga espanhola, segunda colocada).
A final da Liga dos Campeões acontece às 16h (horário de Brasília) em Madrid, na Espanha, no estádio Wanda Metropolitana. Outra prova da competição como integração europeia é que a final acontece de forma rotativa em diferentes cidades do continente a cada ano, independentemente dos times que estão na final. Algo que só é possível, entre outros motivos, pela livre circulação de pessoas na maior parte da Europa, o que permite que torcedores viajem para assistir aos jogos. Assim, Madrid estará repleta de britânicos neste sábado — por enquanto, sem visto.