Papa Bento 16 acena para fiéis ao chegar à Praça São Pedro para fazer sua última audiência geral, no Vaticano: no total,ele realizou 348 audiências, que contaram com mais de 5 milhões de pessoas. (Alessandro Bianchi/Reuters)
Da Redação
Publicado em 27 de fevereiro de 2013 às 15h02.
Cidade do Vaticano - Uma multidão se aglomerou na manhã desta quarta-feira, na Praça São Pedro, sob um sol escaldante, para a última audiência geral de Bento XVI, que disse adeus aos fiéis, emocionados e fervorosos, ressaltando que nunca se sentiu sozinho em seus oito anos de pontificado.
Longe dos assentos reservados para diplomatas e prelados, localizados bem em frente à tribuna papal, os fiéis se amontoaram perto da colunata de Bernini, que cerca a praça, o coração simbólico do cristianismo.
Entre eles, a irmã Yolanda, uma freira mexicana que vive em Roma: "Estou triste, mas ao mesmo tempo feliz pelo Papa, que está muito cansado. Queria estar perto dele, porque para mim é um exemplo de simplicidade e sinceridade", disse com o rosto sorridente.
Como todos os fiéis presentes, ela aplaudiu freneticamente quando o Papa apareceu às 10h39, a bordo de seu papamóvel, e começou seu percurso pela praça para cumprimentar e abençoar os fiéis.
"Longa vida ao Papa!" gritavam alguns agitando bandeiras brancas e douradas, as cores da Santa Sé. O Papa parou várias vezes para beijar bebês e crianças, levadas até ele por seu secretário particular.
Nova salva de palmas quando a frágil silhueta de Bento XVI apareceu finalmente no alto palanque montado para a ocasião em frente à Basílica de São Pedro, depois de saudar os cardeais presentes.
Embora distantes e sem visibilidade, muitos devotos tiraram fotos para capturar esse momento único, com o pano de fundo da majestosa Basílica.
"É realmente uma alegria para nós estarmos aqui hoje para este momento histórico. Eu não estou triste porque Bento XVI sai, mas Joseph Ratzinger fica com a gente", declarou com um grande sorriso Alban, uma jovem que estuda no Seminário francês de Roma.
Além dos religiosos, presentes em grande número, os simples fiéis também não ficaram de fora, como Anna Santamaria, uma aposentada de Orte (perto de Roma), que tomou um trem especialmente para comparecer à audiência.
"Eu queria vê-lo uma última vez. Eu estou triste e feliz: entendo sua decisão de partir, na sua idade é muito difícil suportar um fardo", considerou esta mulher de cabelos brancos.
A atmosfera esteve marcada pela emoção, à imagem da faixa erguida por dois jovens: "O Papa é o coração desta cidade". Sem mencionar as dezenas de bandeiras no céu da praça: italiana, alemã, espanhola, brasileira...
O público também expressou sua afeição pontuando a fala do Papa com aplausos e gritos de "Benedetto", especialmente quando ele explicou as razões da sua renúncia.
Uma decisão que ainda não é unanimidade dentro da igreja. Leonardo Rossi, um jovem italiano membro da Opus Dei, expressou sua consternação: "Eu não compartilho a decisão do Papa de renunciar, não era o momento adequado, com todos os problemas que a Igreja atravessa".
Mais longe, dois sacerdotes americanos também se mostraram um certo desconforto quando perguntados sobre o seu estado de espírito neste momento histórico: primeiro aceitaram falar, mas então, com um sorriso confuso, afastaram-se sem responder.
Sentimentos que não parecem afetar às fileiras dos cardeais que reservaram uma ovação a Bento XVI no final do seu discurso. Vários gritos irromperam entre a multidão: "Viva o Papa".
No momento da saudação em várias línguas (inglês, francês, alemão, espanhol ...) alguns fiéis começaram a deixar a praça e seus arredores, onde era possível se mover sem dificuldade.
Na Via della Conciliazione, a avenida principal que leva a Praça de São Pedro, a multidão era escassa diante das telas gigantes que exibiam a última intervenção pública do Papa no Vaticano.
"O Papa trabalhou tão duro, eu nem sei como ele sobreviveu a um ritmo tal", sussurrou um fiel. No total, Bento XVI realizou 348 audiências durante seu pontificado, que contou com mais de 5 milhões de pessoas.