Parente de vítima desaparecida no desabamento de prédio em Bangladesh chora enquanto aguarda notícias no local (REUTERS/Andrew Biraj)
Da Redação
Publicado em 10 de maio de 2013 às 07h05.
Daca - O registro de mortes do maior desastre industrial de Bangladesh chegou a 1.006 nesta sexta-feira, depois que mais corpos foram encontrados no prédio de nove andares que desabou perto da capital Dacca.
O porta-voz do Exército, capitão Shahnewaz Zakaria, disse à AFP que o "balanço de mortes chega a 1.006", no momento em que as operações de resgate entraram no 17º dia desde que o edifício desabou na cidade de Savar, 30 quilômetros ao sudoeste de Dacca.
Zakaria disse que os operários dotados de "gruas, pás mecânicas e escavadoras" retiraram, na quinta-feira, cerca de 130 corpos em decomposição, funcionárias das confecções em sua maioria, enquanto continuavam avançando para níveis inferiores do prédio.
O oficial Siddiqul Alam Sikder, que supervisiona as operações de busca, disse à AFP que espera terminar o trabalho nesta sexta. "Falta apenas fazer a busca no subsolo", informou Sikder.
O Rana Plaza, que abrigava cinco confecções, desabou em 24 de abril, um dia depois da advertência de operários sobre enormes rachaduras nas paredes. Mais de 3.000 pessoas estavam trabalhando.
Na quinta-feira, em outra tragédia ligada às condições precárias de trabalho no setor têxtil no país, pelo menos oito pessoas morreram no incêndio de uma confecção no bairro de Darussalam de Dacca.
O incêndio, de causas ainda desconhecidas, começou de madrugada no terceiro andar de um prédio de 11 andares, onde funcionam duas confecções.
Presas em uma escada, as vítimas morreram por asfixia pela "fumaça tóxica emitida pelo tecido sintético", explicou à AFP o diretor de Operações dos Bombeiros de Bangladesh, Mahbubur Rahman.
O proprietário da fábrica de suéteres Tung Hai está entre as vítimas. "O incêndio foi importante, mas conseguimos reduzi-lo para um único andar", contou Rahman.
O setor têxtil é fundamental para a economia de Bangladesh, gerando US$ 29 bilhões de receita ao ano. Em 2012, correspondeu a 80% das exportações do país. Os baixos salários e a abundante mão de obra tornam o segundo maior produtor de roupas do mundo, atrás apenas da China.
Há anos, as ONGs denunciam as péssimas condições de trabalho e as normas de segurança dessa indústria no país. Os incêndios costumam ser frequentes nas cerca de 4.500 confecções de Bangladesh. Em novembro de 2012, pelo menos 111 pessoas morreram em um incêndio em uma empresa têxtil.
Na quarta-feira, o governo de Bangladesh anunciou o fechamento de 18 fábricas têxteis em Dacca e Chittagong, a segunda cidade do país, depois de se comprometer com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) a tomar medidas imediatas para reforçar a segurança nas fábricas.
Também na quarta-feira, um grupo de especialistas da ONU pediu às grandes marcas internacionais do setor que não deixem Bangladesh, e sim que cooperem com o governo, com as organizações internacionais e com a sociedade civil para melhorar as condições trabalhistas.