Peregrinos em Meca: muitas das vítimas foram esmagadas e pisoteadas até a morte. Dois sobreviventes entrevistados pela Associated Press disseram que a correria começou quando uma onda de peregrinos começaram a caminhar contra uma massa de pessoas que iam em outra direção (Mohammed al-Shaikh/AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de setembro de 2015 às 15h49.
Mina - O número de peregrinos mortos na confusão nesta quinta-feira em Mina, a 5 quilômetros de Meca, aumentou para 717, com 863 feridos, a maior tragédia mortal na peregrinação anual, conhecida como hajj, em mais de 20 anos.
Muitas das vítimas foram esmagadas e pisoteadas até a morte. Dois sobreviventes entrevistados pela Associated Press disseram que a correria começou quando uma onda de peregrinos começaram a caminhar contra uma massa de pessoas que iam em outra direção.
"Eu vi alguém tropeçar em uma pessoa que estava em uma cadeira de rodas e várias pessoas tropeçando sobre ele. As pessoas estavam subindo umas sobre as outros apenas para respirar", disse o egípcio Abdullah Lotfy, de 44 anos.
Lotfy disse que ter dois fluxos de peregrinos interagindo dessa maneira nunca deveria ter acontecido. "Não houve preparação. O que aconteceu foi algo que eles não estavam prontos", disse ele sobre as autoridades sauditas. O rei Salman, da Arábia Saudita, ordenou a criação de comissão para investigar o incidente.
A debandada ocorreu no cruzamento das ruas 204 e 223, quando os fiéis estavam fazendo seu caminho em direção a uma grande estrutura com vista para as colunas de pedra, de acordo com a Defesa Civil. A estrutura história, conhecida como Ponte Jamarat, foi projetada para facilitar a pressão das multidões e evitar o pisoteamento dos peregrinos.
O porta-voz da Defesa Civil disse que as altas temperaturas e o cansaço dos peregrinos também podem ter sido um dos fatores do desastre.
Ele disse que não havia nenhuma indicação de que as autoridades tiveram culpa do acontecimento, acrescentando que "infelizmente, esses incidentes acontecem".
Ao menos 89 peregrinos iranianos morreram e 150 ficaram feridos por esmagamento, de acordo com a agência de notícias oficial IRNA. O chefe iraniano da agência organizadora do hajj, Saeed Ohadi, culpou a Arábia Saudita por "erros de segurança" e disse em comentários à TV estatal iraniana que a "má gestão dos sauditas levou à tragédia".
Cem cidadãos egípcios morreram de acordo com relatos iniciais, mas o presidente da delegação do Egito, Sayed Maher, disse que apenas 30 egípcios foram feridos no tumulto mortal.
Os Estados Unidos expressaram suas profundas condolências às vítimas, dizendo que "a debandada foi de partir o coração". O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional disse que os EUA se juntaram no luto pela "trágica perda destes fiéis peregrinos".
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ficou "profundamente entristecido", disse seu porta-voz em um comunicado.
Ainda nesta quinta-feira, mais de mil fugiram de um incêndio em um hotel de 11 andares em Meca, que deixou duas pessoas feridas.