OMS: Continuo preocupado com o número de casos, em um número crescente de países", disse Adhanom, no discurso de abertura da reunião (Jakub Porzycki/NurPhoto/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 22 de julho de 2022 às 09h57.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) se mostrou preocupada com a quantidade de casos confirmados de varíola dos macacos e também com o crescente número de países com confirmações, em nova reunião do comitê de emergência para avaliação do surto, nesta quinta-feira, 21. Conforme o diretor-geral, Tedros Adhanom, já são mais de 14 mil notificações recebidas vindas de 71 nações.
"Continuo preocupado com o número de casos, em um número crescente de países", disse Adhanom, no discurso de abertura da reunião. Ele destacou que é "agradável" notar uma aparente tendência de declínio em alguns países, "mas outros ainda estão vendo um aumento, e seis países relataram seus primeiros casos na semana passada."
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O comitê se reuniu pela primeira vez no final de junho e decidiu que, naquele momento, o surto não configurava uma emergência de saúde pública de importância internacional (PHEIC, em inglês). Uma PHEIC é um "evento extraordinário" que apresenta risco através da propagação internacional e requer "resposta internacional coordenada". Desde 2007, a organização só soou esse alerta seis vezes. Atualmente, apenas a covid-19 e o poliovírus têm esse status.
No dia 6 de julho, quando havia 6 mil notificações de 58 países, o diretor-geral declarou que reuniria os especialistas novamente. No anúncio, Adhanom frisou que a testagem "continua sendo um desafio" e que era "altamente provável" que um número "significativo" de casos não estivessem sendo testados.
Nesta quinta, Adhanom destacou que as considerações da reunião anterior haviam ajudado a "delinear a dinâmica desse surto". "À medida que o surto se desenvolve, é importante avaliar a eficácia das intervenções de saúde pública em diferentes ambientes, para entender melhor o que funciona e o que não funciona."
Grande parte dos casos continua a ser relatada por homens que fazem sexo com homens (HSH), que incluí gays e bissexuais, conforme Adhanom. Para ele, o padrão ao mesmo tempo em que representa uma oportunidade para implementar intervenções de saúde pública direcionadas, é também um "desafio". "Porque em alguns países, as comunidades afetadas enfrentam discriminação com risco de vida." Ele também frisou que há risco de estigmatização da comunidade, o que tornará o surto ainda mais difícil de controlar.
O primeiro caso europeu foi confirmado em 7 de maio em um indivíduo que retornou à Inglaterra da Nigéria, onde a varíola dos macacos é endêmica. Desde então, países da Europa, assim como Estados Unidos, Canadá e Austrália, confirmaram casos.
Identificada pela primeira vez em macacos, a doença viral geralmente se espalha por contato próximo e ocorre principalmente na África Ocidental e Central. Raramente se espalhou para outros lugares, então essa nova onda de casos fora do continente causa preocupação. Existem duas cepas principais: a cepa do Congo, que é mais grave, com até 10% de mortalidade, e a cepa da África Ocidental, que tem uma taxa de mortalidade de cerca de 1%.
O vírus pode ser transmitido por meio do contato com lesões na pele e gotículas de uma pessoa contaminada, bem como através de objetos compartilhados, como roupas de cama e toalhas. O período de incubação da varíola dos macacos é geralmente de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias.
Os sintomas se assemelham, em menor grau, aos observados no passado em indivíduos com varíola: febre, dor de cabeça, dores musculares e nas costas durante os primeiros cinco dias. Erupções cutâneas (na face, palmas das mãos, solas dos pés), lesões, pústulas e, ao final, crostas. Segundo a Organização Mundial de Saúde, os sintomas da doença duram de 14 a 21 dias.
De acordo com o Instituto Butantan, entre as medidas de proteção autoridades orientam que viajantes e residentes de países endêmicos evitem o contato com animais doentes (vivos ou mortos) que possam abrigar o vírus da varíola dos macacos (roedores, marsupiais e primatas) e devem se abster de comer ou manusear caça selvagem. Higienizar as mãos com água e sabão ou álcool gel são importantes ferramentas para evitar a exposição ao vírus, além do contato com pessoas infectadas.
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