Pessoas protestante em favor de Edward Snowden em frente ao parlamento alemão, em Berlim (Tobias Schwarz/Reuters)
Da Redação
Publicado em 15 de setembro de 2014 às 18h15.
Wellington - O ex-funcionário da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) Edward Snowden disse nesta segunda-feira que a organização coletou dados de vigilância em massa de neozelandeses por meio de seu programa Xkeyscore.
Segundo Snowden, a NSA tem diversas instalações na maior cidade do sul do Pacífico para acessar quantidades enormes de informação.
O ex-agente depôs via videoconferência da Rússia para centenas de pessoas na prefeitura de Auckland.
Logo após sua declaração, o primeiro-ministro neozelandês, John Key, publicou uma nota dizendo que a agência de espionagem do país, o Gabinete de Segurança da Informação do Governo (GCSB, na sigla em inglês) nunca realizou operações massivas de vigilância contra sua própria população.
Key afirmou ter liberado o acesso a documentos secretos que provam sua alegação.
"Em relação à Xkeyscore, nós não discutimos os programas específicos que o GCSB pode ou não usar", ele disse. "Mas o GCSB não coleta dados em massa de neozelandeses, portanto está claro que não fornece tais informações para qualquer coisa ou qualquer um."
Snowden disse, no entanto, que Key estava escolhendo cuidadosamente suas palavras, e reafirmou que as agências neozelandesas coletam informações para a NSA e então acessam esses dados.
"Existem instalações da NSA na Nova Zelândia das quais o GCSB tem conhecimento e isso significa que o primeiro-ministro sabe", disse Snowden. "E uma dessas instalações fica em Auckland."
Para o ex-agente, Key foge da questão principal ao não falar sobre a operação Xkeyscore. "Até hoje, ele diz que não falará sobre isso. Eu não vou falar sobre isso porque está relacionado à inteligência estrangeira", criticou Snowden.
"Mas está mesmo relacionado à inteligência estrangeira, se grava as comunicações de todos os homens, mulheres e crianças da Nova Zelândia?"
O evento em Auckland foi organizado pelo empresário Kim Dotcom e também teve a participação do jornalista norte-americano Glenn Greenwald, além do fundador da Wikileaks, Julian Assange, que falou via videoconferência de Londres.
Greenwald apresentou slides da NSA que, segundo ele, mostram o GCSB tomando medidas para realizar monitoramentos massivos por meio de um projeto chamado Speargun.
Mas o primeiro-ministro disse que o programa foi rejeitado e, em vez disso, um programa alternativo que precisava ser aceito pelas organizações foi adotado. Fonte: Associated Press.