Líderes da União Europeia: Comissão Europeia, Conselho Europeu, Banco Central Europeu e presidente do Parlamento Europeu (Thierry Monasse/Getty Images)
AFP
Publicado em 1 de dezembro de 2019 às 13h55.
Última atualização em 1 de dezembro de 2019 às 13h56.
Os novos líderes das instituições europeias reuniram-se neste domingo, em Bruxelas, para a posse da alemã Ursula von der Leyen como presidente da Comissão e do belga Charles Michel à frente do Conselho, com uma mensagem sobre o desafio climático.
"Nossa responsabilidade é deixar uma União mais forte do que a que herdamos", declarou Ursula, na presença do presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, da nova presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, e de Michel.
A nova Comissão apresentará em 11 de dezembro suas propostas contra as mudanças climáticas, durante uma sessão extraordinária do Parlamento, na véspera de um conselho europeu, anunciou Sassoli.
A alemã Ursula von der Leyen, que sucede o luxemburguês Jean-Claude Juncker, fez do "New green deal" um dos eixos prioritários de seu mandato de cinco anos.
Os quatro novos dirigentes reuniram-se para uma foto oficial e uma breve cerimônia na Casa da história europeia, para comemorar os 10 anos do Tratado de Lisboa, que mudou a estrutura institucional da União Europeia, principalmente com a criação de um presidente do Conselho Europeu.
O luxemburguês Jean-Claude Juncker, que entrega a presidência da Comissão Europeia, é conhecido e temido por sua franqueza. Sempre citou em entrevistas sua decepção com a pressão de alguns chefes de Estado e governo para "expulsar" a Grécia da zona do euro, e com a falta de solidariedade ante o drama dos refugiados sírios e migrantes.
Juncker, 64, prometeu escrever suas memórias, que cobrirão 30 anos de história europeia. Ministro das Finanças de Luxemburgo de 1989 a 2009 e premier daquele país por 18 anos, ele era o último dos arquitetos do tratado de Maastricht (1992), ainda em vigor.
"Costumo dizer que eu e o euro somos os únicos sobreviventes do tratado de Maastricht. O euro fica como único", ironizou na sexta-feira, em sua última entrevista coletiva.
O mandato de Juncker foi marcado por uma sucessão de crises. O escândalo do "Luxleaks", sobre os sistemas de otimização fiscal, recebeu-o pouco antes de ele assumir suas funções em Bruxelas. Seguiram-se sete meses de tensão com a Grécia, depois ele teve que gerenciar o drama dos refugiados sírios e dos migrantes, em seguida, o Brexit, e, por fim, a disputa com o presidente americano, Donald Trump.
"Sua Comissão foi política quando ele jogou cuidadosamente com Trump para não envenenar a guerra comercial. Também o foi com Michel Barnier em sua gestão do Brexit, e para manter a coesão dos 27", lembra o diretor do instituto Jacques Delors, Sébastien Maillard.
"Em compensação, não foi suficientemente política na crise migratória. Sua proposta de distribuir automaticamente os solicitantes de asilo enfrentou a hostilidade dos países do leste, frente aos quais perdeu autoridade", estima Maillard.
Juncker cometeu erros e os reconheceu publicamente. Não dimensionou o alcance do mal-estar criado pelo Luxleaks, tampouco ousou enfrentar os partidários do Brexit no Reino Unido, e subestimou a oposição dos países do leste a suas propostas para distribuir os migrantes.
Outra crítica que recebe diz respeito a seu desinteresse pela gestão da rotina da Comissão, que deixou nas mãos de seu chefe de gabinete, o alemão Martin Selmayr. Também deixa para Ursula von der Leyen uma instituição traumatizada internamente pela enorme carga de trabalho que impôs aos serviços.