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Novo rei saudita promete seguir passos de Abdullah

O novo rei Salman prometeu manter o curso na primeira potência petrolífera mundial e já imprimiu sua marca com as primeiras nomeações

O príncipe Salman, 79 anos, tornou-se nesta sexta-feira o novo rei da Arábia Saudita (AFP/AFP)

O príncipe Salman, 79 anos, tornou-se nesta sexta-feira o novo rei da Arábia Saudita (AFP/AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de janeiro de 2015 às 16h27.

Riad - O novo rei Salman, da Arábia Saudita, prometeu nesta sexta-feira manter o curso na primeira potência petrolífera mundial e já imprimiu sua marca com as primeiras nomeações, após a morte de seu meio-irmão, Abdullah.

Aliado dos ocidentais na luta antijihadista, mas criticado por sua política em matéria de direitos Humanos, Abdullah, de 90 anos, morreu durante a madrugada no hospital onde foi internado em 31 de dezembro com pneumonia.

O soberano foi sepultado nesta tarde em Riad após a tradicional oração de sexta-feira na mesquita Imam Turki, na presença de dignitários árabes e estrangeiros.

Inúmeros líderes mundiais prestaram homenagem ao rei Abdullah, elogiando o fato de ser um defensor da paz no Oriente Médio e um partidário do diálogo entre os muçulmanos e o Ocidente.

Em seu primeiro discurso poucas horas depois de sua coroação, o novo rei Salman, de 79 anos, disse que não haveria nenhuma mudança política no reino, o maior exportador de petróleo do mundo, um dos grandes do Oriente Médio e berço do Islã.

"Vamos permanecer, com a força de Deus, no caminho certo que este Estado tem seguido desde a sua fundação pelo rei Abdul Aziz bin Saud e seus filhos depois dele", declarou o rei, que sofre de problemas de saúde.

Além disso, designou como segundo príncipe-herdeiro Mohamed Ben Nayef, até agora ministro do Interior, e nomeou como titular da Defesa um de seus filhos, Mohamed Ben Salman.

Ambas as nomeações reforçam dentro da dinastia Al-Saud a influência do clã Sudairi, que tinha enfraquecido durante o reinado de Abdullah. O rei Salman faz parte deste clã dos sete filhos de Hassa bint Ahmad Al-Sudairi, favorito do fundador do reino, e Mohamed bin Nayef é filho de um membro do clã.

Cerimônia de lealdade

No início da noite teve início a "cerimônia de lealdade" ao rei Salman e ao príncipe herdeiro Muqrin, também meio-irmão de Abdullah. No palácio real, centenas de cidadãos sauditas se reuniram para prometer "obediência e fidelidade".

Acalmados pela declaração do novo rei de continuidade na política do reino, que tenta reafirmar sua liderança em um mercado global petrolífero em rápida mutação, os preços do petróleo abriram em queda nesta sexta-feira em Nova York.

O reino apoia firmemente a manutenção do nível atual de produção de petróleo da OPEP, correndo o risco de acelerar a queda de seus preços (-50% desde junho).

Além da liderança no setor petrolífero, Abdullah exercia uma forte influência sobre a política regional. Confrontado com a crescente pressão de grupos islâmicos, Riad se converteu em um importante apoio de Abdel Fatah al-Sissi, atual presidente egípcio, após a deposição do islamita Mohamed Mursi.

Também teve um papel chave no apoio à oposição do presidente sírio Bashar al-Assad, autorizando o treinamento de combatentes rebeldes em seu território a cargo do exército americano.

O rei governou oficialmente o reino sunita ultraconservador por uma década, mas manteve as rédeas do país desde o acidente vascular cerebral sofrido por seu meio-irmão, o rei Fahd, em 1995.

"Insensível aos direitos Humanos"

Mas Abdullah também frustrou as expectativas dos reformistas, sobretudo no que se refere ao papel das mulheres na sociedade, que continuam proibidas de dirigir.

A Anistia Internacional denunciou um regime "insensível aos direitos humanos" e acusou o Ocidente de acobertar esta política em razão da influência econômica do reino e de sua ajuda na luta contra os jihadistas.

Principais parceiros nessa luta, o presidente francês François Hollande, assim como o vice americano Joe Biden, devem viajar à Arábia Saudita para apresentar suas condolências.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o príncipe Charles são esperados no sábado, assim como o chefe da diplomacia iraniana, Mohammad Javad Zarif.

O Irã xiita apresentou suas condolências nessa sexta ao povo e ao governo sauditas. A monarquia sunita e a República islâmica xiita tentam nos últimos meses uma reaproximação discreta após anos de tensões, alimentadas principalmente pela guerra na Síria, onde o Irã apoia o presidente Assad enquanto Riade apoia a rebelião.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, o primeiro-ministro do Paquistão, Nawaz Sharif, e chefes de Estado do Golfo participaram nesta sexta-feira do funeral de Abdullah.

Seu corpo, coberto com um pano amarelo, foi carregado por membros da família real e depositado no chão da mesquita antes de um líder religioso iniciar a oração com Allah Akbar (Deus é grande). Ele então foi enterrado em um cemitério próximo.

O presidente americano Barack Obama foi um dos primeiros a honrar a memória de "um valioso amigo e um líder sincero" que deu passos valentes buscando o objetivo de conquistar a paz no Oriente Médio.

Além disso, o Departamento de Estado americano garantiu que não haverá mudança nas suas relações com o reino

Neste país, local do nascimento do Islã em 622 e que é o lar de dois dos principais locais sagrados muçulmanos, Meca e Medina, os cidadãos expressaram sua tristeza, mas sem inquietação.

"Tudo vai ficar bem" com Salman, considerou Saud Mubarak, um segurança de 24 anos. "Não haverá ruptura. Eles (a família real) são todos irmãos, eles se entendem."

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