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Novo protesto contra o governo mergulha França no caos

As manifestações resultaram em confrontos violentos entre "agitadores" e as forças de segurança, principalmente em Paris

Protestos em Paris: avenida Champs-Elysées foi alvo do caos e o Arco do Triunfo sofreu pichações e foi tomado por manifestantes (Stephane Mahe/Reuters)

Protestos em Paris: avenida Champs-Elysées foi alvo do caos e o Arco do Triunfo sofreu pichações e foi tomado por manifestantes (Stephane Mahe/Reuters)

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AFP

Publicado em 1 de dezembro de 2018 às 17h17.

Cerca de 75 mil pessoas participaram neste sábado dos protestos dos "coletes amarelos", franceses que se manifestam contra as políticas fiscal e social do governo de Emmanuel Macron. As manifestações resultaram em confrontos violentos entre "agitadores" e as forças de segurança, principalmente em Paris.

O movimento, de classes menos favorecidas e que sacode a França há duas semanas, também provocou distúrbios em outras províncias. No fim da tarde, o saldo era de 64 feridos e 205 detidos em todo o país, segundo a polícia.

No coração de Paris, a cena era de guerrilha urbana, com homens encapuzados erguendo barricadas, queimando veículos, quebrando vitrines e lançando objetos contra policiais em bairros luxuosos e turísticos da capital francesa.

A avenida Champs-Elysées foi alvo do caos e o Arco do Triunfo sofreu pichações e foi tomado por manifestantes. Nas avenidas vizinhas, havia barricadas em chamas, algumas formadas por carros virados e incendiados, sob uma nuvem de gás lacrimogêneo.

O primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, disse que estava "abalado" pela violência em Paris, e as forças de segurança continuavam lidando com "agitadores" sem coletes em diferentes áreas da capital no começo da noite.

Incidentes e focos de violência paralelos à manifestações dos coletes amarelos também ocorreram em outras cidades francesas, entre elas Lille, Charleville-Mézières, Estrasburgo, Toulouse e Nantes, onde 50 manifestantes invadiram o aeroporto local.

Este é o terceiro dia de protestos na França, após os de 17 e 24 de novembro. Em Paris, os confrontos começaram depois do meio-dia, em torno do Arco do Triunfo, entre policiais e manifestantes, alguns deles encapuzados.

O líder da França Insubmissa (LFI, esquerda radical), Jean-Luc Mélenchon, denunciou a "crueldade incrível contra manifestantes pacíficos no Arco do Triunfo", e acusou o governo de "instigar o medo".

Os manifestantes que prostestavam pacificamente vestindo o icônico colete amarelo fluorescente foram pegos no fogo cruzado na avenida. Entre eles, estava Chantal, uma aposentada de 61 anos que tentava não se aproximar da confusão: "Fomos informados de que havia baderneiros à frente". Para ela, "ele (Macron) deve descer do pedestal, entender que o problema não é o imposto, é o poder de compra. Todo mês eu tenho que recorrer à poupança."

Cerca de 5 mil agentes foram mobilizados na capital, onde também se manifestaram milhares de pessoas convocadas pelo sindicato CGT em favor do emprego, e estudantes.

Reivindicações orgânicas

Desde o surgimento das primeiras manifestações dos "coletes amarelos", em meados de novembro, o governo tem lutado para responder às demandas orgânicas do movimento, nascido nas redes sociais, fora de qualquer estrutura política ou sindical.

Nesta sexta-feira, uma reunião de consulta com o primeiro-ministro fracassou: apenas dois coletes amarelos participaram, e um deles rapidamente deixou o local, por não ter conseguido que a reunião fosse transmitida ao vivo.

Quanto aos anúncios feitos esta semana por Emmanuel Macron - um dispositivo para limitar o impacto dos impostos sobre o combustível e uma "grande consulta" - eles irritaram mais do que convenceram.

"Puro blá-blá-blá", reagiram vários manifestantes, alguns dos quais acampados em estradas ou rotatórias. "Precisamos de medidas concretas, não de fumaça", resumiu Yoann Allard, um trabalhador rural de 30 anos.

Descontentamento não diminui

Com o apoio de mais de dois terços dos franceses, e depois do sucesso de uma petição "por uma queda dos preços dos combustíveis nas bombas", que ultrapassou 1 milhão de assinaturas, o movimento continua sua trajetória, 15 dias após seu lançamento. Autoridades observam atentamente a magnitude desta nova mobilização.

Na maioria presidencial, a preocupação cresce diante da rejeição expressa, a tal ponto que a ideia de uma moratória sobre o aumento dos impostos sobre os combustíveis começa a ser debatida. Entre a oposição, de direita e de esquerda, as posições navegam entre apoio e preocupação.

O movimento começa a avançar para além das fronteiras da França: dois veículos policiais foram queimados nesta sexta-feira à noite em Bruxelas, no final de um protesto de cerca de 300 coletes amarelos, o primeiro organizado na capital belga.

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