O presidente interino do Egito, Adly Mansour (D), recebe o novo premiê, Ibrahim Mahlab: premiê espera apresentar seu gabinete em três ou quatro dias (AFP)
Da Redação
Publicado em 25 de fevereiro de 2014 às 13h53.
Cairo - Ibrahim Mahlab, um cacique do partido de Hosni Mubarak, foi nomeado nesta terça-feira primeiro-ministro do Egito, no dia seguinte à renúncia do governo instaurado pelo Exército após a destituição do islamita Mohamed Mursi.
Mahlab, atual ministro da Habitação, deve agora formar uma nova equipe governamental para conduzir o país árabe a uma eleição presidencial, prevista para a primavera (no hemisfério norte), na qual o novo homem forte do país, o marechal Abdel Fattah al-Sisi, é favorito.
O novo premiê espera apresentar seu gabinete em três ou quatro dias e prometeu se concentrar na economia e segurança do país, abandonado pelos turistas e com atentados quase diários contras as forças ded ordem.
Determinado a prosseguir com a política de "luta contra o terrorismo" iniciada pelas autoridades dirigidas de fato pelo exército, ele considerou que "isto criará as condições para o retorno dos investimentos e do turismo".
Mahlab, um engenheiro de 60 anos, dirigiu a empresa governamental Arab Contractors, uma das companhias de construção mais importantes do país. Foi senador sob a presidência de Hosni Mubarak, derrubado por uma revolta popular em 2011.
Seus opositores o associam ao antigo regime, enquanto que muitos militantes e o único candidato declarado à presidência até o momento, o líder da esquerda Hamdeen Sabbahi, temem um retorno de personalidade da era Mubarak e do poder autoritário, três anos após a revolução lançada durante a Primavera Árabe.
Já seus partidários, elogiam um homem dinâmico, bem sucedido em sua área e próximo à população.
Nas ruas, as opiniões se dividem.
Mahmud el-Melegy, um advogado, considera que "mesmo fazendo parte do Partido Nacional Democrata (PND, de Mubarak), ele conquistou muitas coisas, principalmente no ministério da Habitação".
Por sua vez, Hassan Yahya, funcionário de uma companhia de petróleo, a nomeação de uma figura do antigo regime é negativa e não deveria acontecer "neste momento em que o país está extremamente dividido: Não queremos que uma personalidade do regime de Mubarak ocupe um cargo ou se ocupe de uma pasta, principalmente neste momento".
O país está mergulhado em uma espiral de violência desde a destituição e prisão do primeiro presidente democraticamente eleito do Egito, em 3 de julho, pelo exército.
Desde então, seus partidários e a Irmandade Muçulmana, à qual pertence, têm sido violentamente reprimidos, com mais de 1.400 mortos, segundo a Anistia Internacional, e milhares de prisões.
A nomeação de Mahlab ocorre com a aproximação de eleição presidencial, de acordo com o "roteiro" estabelecido pelo exército após o golpe contra Mursi.
Agraciado com a mais alta patente do exército, o marechal Sisi não esconde sua intenção de brigar pela presidência, mas para isso deverá renunciar ao cargo de ministro da Defesa deixar a carreira militar para reunir todas as condições necessárias para se candidatar.
Segundo uma fonte próxima ao marechal, ele deve permanecer como ministro até a promulgação da lei eleitoral.
A atual equipe de governo, dirigida por Hazem el-Beblawi, deixa suas funções em meio a um profunda crise, com greve em diferentes setores profissionais e atentados regulares.