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Novo premiê da Grécia se compromete a aplicar acordos com UE

Lucas Papademos disse que aplicar as medidas para manter a ajuda externa é a sua prioridade no comando do país

Lucas Papademos deve ser submetido ao voto de confiança do Parlamento na quarta-feira (Aris Messinis/AFP)

Lucas Papademos deve ser submetido ao voto de confiança do Parlamento na quarta-feira (Aris Messinis/AFP)

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Da Redação

Publicado em 14 de novembro de 2011 às 17h36.

Atenas - O novo primeiro-ministro da Grécia, Lucas Papademos, afirmou nesta segunda-feira em seu primeiro discurso ao Parlamento que o governo de união nacional honrará os compromissos assumidos, mas as objeções do partido conservador Nova Democracia a ratificá-lo por escrito já levam dificuldades ao Executivo recém-formado.

"A principal tarefa deste governo é aplicar as decisões da cúpula (da UE de 26 de outubro)", disse Papademos no discurso de abertura de um debate parlamentar que culminará na quarta-feira com a votação de uma moção de confiança ao novo Executivo, respaldado por social-democratas, conservadores e ultradireitistas.

"Se essas decisões forem aplicadas e as medidas associadas a elas forem tomadas, a Grécia pode olhar para o futuro com confiança", acrescentou o ex-vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), que vai liderar um governo de transição de 100 dias.

Papademos disse que, até o fim do ano, serão aprovados 24 programas para impulsionar o emprego - a taxa de desemprego supera 18% - e anunciou que 20 projetos de investimentos estrangeiros, avaliados ao todo em 5,5 bilhões de euros, precisam ser aprovados de forma urgente.

Também antecipou a iminente reforma do código disciplinar dos funcionários - para lutar contra o absentismo, melhorar a produtividade e impor-lhes o cumprimento das leis - e novas medidas para enfrentar a evasão fiscal.

"A saída da crise e o desenvolvimento não serão possíveis sem sacrifícios, mas esses sacrifícios devem ser repartidos de maneira justa", declarou o novo premiê.

O programa do governo de união nacional está limitado ao desbloqueio dos 8 bilhões de euros do sexto lote do primeiro resgate financeiro internacional à Grécia - de maio de 2010 -, à ratificação do segundo plano de resgate, estipulado em outubro, e à aplicação das medidas de austeridade determinadas pelo acordo com os credores.

Mas os primeiros problemas vieram de um membro da própria coalizão, o líder da Nova Democracia, Antonis Samaras, que se negou a assinar uma declaração escrita, exigida pela UE, com o compromisso de que o novo governo de união nacional cumprirá os acordos.

O primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, chefe do chamado Eurogrupo - fórum dos ministros das Finanças da zona do euro -, insistiu explicitamente em uma declaração por escrito sobre as medidas de austeridade que Atenas deve adotar para garantir a ajuda internacional.

Samaras declarou aos deputados que não apoiaria mais medidas de austeridade econômica e defendeu mudar a receita para sanear a economia grega, que, em sua opinião, deve deixar a fórmula dos cortes de gastos e altas de impostos para outra que favoreça o crescimento.

"Alguns dizem que, para desbloquear o pagamento (de 8 bilhões de euros), temos de assinar uma declaração conjunta com todos os partidos que apoiam este novo governo de transição. Eu disse antes e digo agora: não vou assinar tais declarações", ressaltou Samaras.

"O apoio europeu depende da aplicação do acordo de 26 de outubro. Não é um ultimato o pedido de que todos os líderes políticos assinem, que se comprometam a respeitar os acordos de 26 outubro. É nossa obrigação com os povos europeus que nos apoiam", respondeu Papademos, que deve conduzir um governo de caráter tecnocrata.

Papademos, em seu discurso, concordou com Samaras que as atuais políticas de austeridade agravaram a recessão e aumentaram o desemprego, mas destacou que não existe alternativa à permanência na zona do euro e se mostrou otimista ao dizer que a situação pode mudar com as reformas adequadas.

O novo primeiro-ministro também ressaltou que "a decisão dos líderes dos três partidos políticos para a formação de um governo de coalizão é muito importante para restaurar o prestígio do país".

Estima-se que, na quarta-feira, a nova coalizão de governo consiga sem dificuldades vencer a moção de confiança prevista para votação no Parlamento graças ao respaldo das duas legendas majoritárias - o Movimento Socialista Pan-Helênico (Pasok), do ex-premiê Giorgos Papandreou, e a Nova Democracia.

Papademos, além de endireitar a situação econômica, tem a missão de tentar apaziguar as divergências entre o Pasok e a Nova Democracia, que se enfrentarão nas urnas ao término do governo de transição, enquanto os conservadores buscam evitar o desgaste social dos ajustes fiscais.

O novo primeiro-ministro, que jurou o cargo na última sexta-feira, viajará a Bruxelas na próxima quinta-feira para se reunir com os ministros das Finanças da Europa e expor-lhes seus planos.

Também no final da semana, espera-se que o novo chefe do Executivo se reúna com os chefes de delegação do grupo de três instituições credoras da Grécia conhecido como "troika" - formado pela Comissão Europeia (CE), Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI).

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