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Da Redação
Publicado em 24 de agosto de 2012 às 21h25.
Nações Unidas - O diplomata argelino Lakhdar Brahimi disse nesta sexta-feira ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, que está "honrado, envaidecido, contrito e assustado" com a perspectiva de assumir o cargo de mediador internacional para o conflito da Síria, que se arrasta há 17 meses.
Brahimi se reuniu com Ban pela primeira vez desde que aceitou na semana passada substituir Kofi Annan na mediação do conflito sírio. Embora ele só assuma oficialmente em 1o de setembro, diplomatas disseram que o argelino na prática já começou a agir.
"Secretário-geral, quando o senhor me chamou, eu lhe disse que estava honrado, envaidecido, contrito e assustado, e ainda estou nessa mentalidade", disse Brahimi a Ban em Nova York.
"Os sírios serão meus senhores. Vamos considerar seus interesses acima e antes de todos os demais. Vamos tentar ajudar ao máximo que pudermos, não vamos poupar nenhum esforço. Vamos tentar ver o que podemos fazer." Brahimi hesitou por alguns dias antes de aceitar um cargo que o embaixador francês na ONU, Gerard Araud, qualificou de "missão impossível".
Nesta sexta-feira, ele se reuniu com funcionários da ONU para discutir planos de uma nova abordagem ao conflito sírio, que segundo a entidade internacional já deixou 18 mil mortos em 17 meses.
"Quanto mais essa luta durar, mais pessoas serão mortas, mais pessoas vão sofrer", disse Ban nesta sexta-feira. "Sua liderança (de Brahimi) será muito importante, o senhor tem o total respeito e total apoio da comunidade internacional. É crucialmente importante que o Conselho de Segurança e todo o sistema das Nações Unidas apoiem seu papel." Brahimi também se encontrou nesta sexta-feira com Araud, que preside o Conselho de Segurança neste mês. Um porta-voz da missão francesa disse que eles discutiram "numerosas mudanças na missão dele" e que Araud prometeu organizar em breve uma sessão informal do Conselho para ouvir Brahimi.
Annan, ex-secretário-geral da ONU e ganhador do Nobel da Paz, decidiu desistir da mediação, que assumiu há seis meses, alegando que o plano de paz proposto por ele para a Síria foi inviabilizado devido a divisões dentro do Conselho de Segurança.
A Rússia e a China usam repetidamente seu poder de veto para proteger seu aliado Assad contra resoluções patrocinadas por governos ocidentais e árabes.
Brahimi disse à Reuters no sábado passado que, enquanto estiver em Nova York, deseja esclarecer urgentemente até que ponto terá apoio da ONU para que sua missão tenha mais chances de sucesso.