Mundo

Novo líder chinês diz buscar relação igualitária com África

Xi Jinping disse deseja uma que ajude no desenvolvimento do continente, contrariando preocupações de que estaria apenas em busca de matérias-primas

Presidente Xi Jinping ao lado do presidente da Tanzania Jakaya Kikwete na chegada em Dar es Salaam (Thomas Mukoya/Reuters)

Presidente Xi Jinping ao lado do presidente da Tanzania Jakaya Kikwete na chegada em Dar es Salaam (Thomas Mukoya/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de março de 2013 às 12h39.

Dar Es Salaam - O novo presidente da China, Xi Jinping, disse nesta segunda-feira aos africanos que deseja uma relação de iguais, que ajude no desenvolvimento do continente, contrariando preocupações de que Pequim estaria apenas em busca de matérias-primas da África.

Na primeira escala de uma visita à África, Xi disse ao presidente da Tanzânia, Jakaya Kikwete, que os investimentos chineses vão ajudar o continente a enriquecer.

"A China espera sinceramente ver um desenvolvimento mais rápido em países africanos e uma vida melhor para o povo africano", disse Xi em discurso num centro de conferências construído com financiamento chinês em Dar es Salaam, maior cidade da Tanzânia.

Renovando uma oferta de empréstimos de 20 bilhões de dólares para a África entre 2013 e 2015, Xi prometeu "ajudar os países africanos a transformarem a concessão de recursos em força de desenvolvimento, e a alcançarem um desenvolvimento independente e sustentável".

Os africanos em geral veem a China como um saudável contrapeso à influência ocidental, mas, à medida que essa relação amadurece, há crescentes apelos de autoridades e economistas por um acordo comercial mais equilibrado.

"A China vai continuar oferecendo, como sempre, a assistência necessária à África, sem condições políticas vinculadas", disse Xi, sob aplausos. "Nós nos damos bem e tratamos uns aos outros como iguais." Mas a gratidão por essa ajuda está cada vez mais matizada por ressentimentos sobre a forma como empresas chinesas operam na África, onde complexos industriais só com operários chineses às vezes provocam reações violentas de nativos que querem trabalho.


Respondendo às preocupações de que a África não estaria ganhando qualificação e tecnologia com o investimento chinês, Xi disse que Pequim vai treinar 30 mil profissionais africanos e oferecerá 18 mil bolsas para estudantes africanos, além de "intensificar a transferência de tecnologia e a experiência".

"As relações sino-tanzanianas já sofreram bastante", disse Kikwete, cujo país desenvolveu uma estreita relação com a China nos primeiros anos após a independência em relação à Grã-Bretanha, em 1964. "Agora nós nos tornamos amigos a toda prova." Nas décadas de 1960 e 1970, a China construiu uma ferrovia ligando a Tanzânia à Zâmbia.

Os dois líderes acompanharam a assinatura de acordos comerciais e de outros tipos, incluindo planos para o desenvolvimento conjunto de um novo porto e de uma zona industrial, um empréstimo para a infraestrutura de comunicações e um empréstimo sem juros para o governo. Não foram divulgados detalhes sobre o volume dos empréstimos ou os projetos industriais.

O próximo destino de Xi será a África do Sul, onde ele participa na terça e quarta-feira de uma cúpula dos países emergentes Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Provavelmente ele manifestará aval a planos para uma reserva comum de divisas internacionais e para a criação de um banco coletivo de estímulo à infraestrutura.

Essas propostas respondem às frustrações dos mercados emergentes por terem de depender do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, vistos como agentes dos interesses dos EUA e de outras nações industrializadas.

Depois, Xi irá à República do Congo, de onde a China importou no ano passado 5,4 bilhões de toneladas de petróleo.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaÁsiaChinaComércioComércio exterior

Mais de Mundo

Justiça da Bolívia retira Evo Morales da chefia do partido governista após quase 3 décadas

Aerolineas Argentinas fecha acordo com sindicatos após meses de conflito

Agricultores franceses jogam esterco em prédio em ação contra acordo com Mercosul

Em fórum com Trump, Milei defende nova aliança política, comercial e militar com EUA