Mundo

Novo IRA admite ser responsável por morte de jornalista

A polícia da Irlanda do Norte prendeu uma mulher de 57 anos nesta terça-feira durante a investigação sobre a morte da jornalista Lyra McKee

A jornalista Lyra McKee morreu na última quinta-feira (18) depois de ser atingida por tiros (Jess Lowe Photography/Reuters)

A jornalista Lyra McKee morreu na última quinta-feira (18) depois de ser atingida por tiros (Jess Lowe Photography/Reuters)

A

AFP

Publicado em 23 de abril de 2019 às 11h22.

O Novo IRA, um grupo republicano dissidente que luta pela reunificação da Irlanda, admitiu sua responsabilidade na morte da jornalista Lyra McKee, baleada durante confrontos em Londonderry, e a polícia anunciou uma detenção nesta terça-feira.

O Novo IRA apresentou "suas sinceras e completas desculpas ao companheiro, à família e aos amigos de Lyra McKee por sua morte", informa o site do jornal The Irish News, que afirmou ter recebido uma declaração com uma mensagem cifrada por parte do grupo dissidente.

A jornalista, de 29 anos, faleceu "tragicamente" na noite de quinta-feira, quando "se encontrava junto às forças inimigas", justificou o Novo IRA, em referência às tropas "fortemente armadas" que "provocaram" os distúrbios que precederam o falecimento de McKee.

A polícia da Irlanda do Norte anunciou nesta terça-feira que prendeu uma mulher de 57 anos na investigação sobre a morte. Dois homens, de 18 e 19 anos, que haviam sido detidos previamente foram liberados sem acusações.

Este drama recorda os tempos sombrios do conflito na Irlanda do Norte, que dividiu esta província britânica durante três décadas.

A violência entre republicanos nacionalistas (católicos), partidários da reunificação da Irlanda, e os unionistas (protestantes), defensores da permanência sob a Coroa britânica, deixou cerca de 3.500 mortos até o Acordos da Sexta-feira Santa, em 1998.

O pacto acertou uma retirada das forças britânicas e o desarmamento do Exército Republicano Irlandês (IRA).

Mas como ocorre com o Novo IRA, ainda existem grupos ativos de republicanos dissidentes que lutam pela reunificação com a vizinha República da Irlanda, inclusive através da violência.

O Novo IRA, criado entre 2011 e 2012, reivindicou a explosão em janeiro de um carro-bomba em Londonderry, cidade que os irlandeses chamam apenas de Derry.

Após o atentado foram encontrados vários pacotes com pequenos artefatos explosivos, sobretudo em edifícios dos aeroportos City e Heathrow de Londres, atos reivindicados também pelo Novo IRA.

Após a morte de Lyra McKee na quinta-feira à noite, a polícia norte-irlandesa afirmou que havia constatado uma "mudança radical" no bairro de Creggan, onde aconteceram os confrontos e conhecido até agora pelas relações tensas com as forças de segurança.

No emblemático muro do "Free Derry Corner", símbolo das reivindicações separatistas, manifestantes escreveram a frase "Não em nosso nome. RIP Lyra", um reflexo da irritação dos moradores e da rejeição a esta forma de violência.

Os seis principais partidos políticos da Irlanda do Norte - incluindo os unionistas e os republicanos, incapazes há mais de dois anos de chegar a um acordo para formar um governo em Belfast - publicaram uma declaração conjunta.

"O assassinato de Lyra constitui um ataque contra todos os membros desta comunidade, um ataque contra a paz e o processo democrático".

Acompanhe tudo sobre:AssassinatosJornalistas

Mais de Mundo

Novas autoridades sírias anunciam acordo para dissolução dos grupos armados

Porto de Xangai atinge marca histórica de 50 milhões de TEUs movimentados em 2024

American Airlines retoma voos nos EUA após paralisação nacional causada por problema técnico

Papa celebra o Natal e inicia o Jubileu 2025, 'Ano Santo' em Roma