Anne Frank, em foto divulgada em 1959 (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 20 de dezembro de 2016 às 18h14.
Última atualização em 20 de dezembro de 2016 às 18h15.
Um novo estudo do Museu Anne Frank, em Amsterdã, sugere que o esconderijo da garota judia pode ter sido encontrado por acaso.
"A questão sempre foi: quem traiu Anne Frank e os outros que estavam escondidos? Mas esta concentração explícita na traição limita a perspectiva em relação à prisão", informou o museu em uma declaração.
New investigation does not refute possibility betrayal, but illustrates other scenarios should also be considered https://t.co/LslciaJapU pic.twitter.com/J9gM5NfcJW
— Anne Frank House (@annefrankhouse) 18 de dezembro de 2016
A instituição, que preserva a memória de Frank – famosa por ter seu diário publicado no best-seller mundial O Diário de Anne Frank (1947) e se tornar um dos maiores símbolos das vítimas do Holocausto –, afirma no estudo publicado na última sexta-feira (16) que, apesar de vasta pesquisa, até hoje não se sabe especificamente quais acontecimentos culminaram na deportação da garota e sua família para o campo de concentração Bergen-Belsen, na Alemanha, onde ela morreu aos 15 anos de tifo.
No entanto, segundo Ronald Leopold, diretor-executivo da Casa de Anne Frank, a nova pesquisa sugere que, além da denúncia anônima aos alemães nazistas em Amsterdã, duas novas hipóteses devem ser consideradas.
Ele disse à BBC:
"Apesar de décadas de pesquisa, a traição como ponto de partida não forneceu nada conclusivo. A nova investigação do Museu Casa de Anne Frank não rejeita a possibilidade de que as pessoas escondidas foram traídas, mas outros cenários também precisam ser levados em conta. Esperamos que mais pesquisadores também vejam as razões para seguir novas pistas."
Research conducted by @annefrankhouse contributes new perspective #AnneFrank’s #arrest Study presents new findings https://t.co/LslciaJapU pic.twitter.com/KCS5O3V6xA
— Anne Frank House (@annefrankhouse) 16 de dezembro de 2016
Em agosto de 1944, uma investigação de uma possível fraude de cupons de alimentos pode ter levado à descoberta do paradeiro dos Frank; meses antes, a garota menciona em seu diário prisões relacionadas à busca.
Os dois homens responsáveis pela distribuição ilegal de cupons vendiam alimentos para os Frank.
A outra suposição diz que a descoberta do paradeiro da família foi consequência de outra investigação: a de uma empresa que dava permissão de trabalho a judeus, que assim evitavam a convocação ao trabalho forçado e a deportação para a Alemanha.
O encontro de paradeiro de judeus ao acaso era frequente, segundo o estudo do museu.
Leopold afirma que a possibilidade de traição não deve ser descartada, embora não tenha levado a uma conclusão.
Anne Frank, seu pai, Otto, sua mãe, Edith, e sua irmã mais velha, Margot, passaram a viver em um esconderijo em um prédio de Amsterdã para escapar dos nazistas que ocupavam a Holanda durante a 2ª Guerra Mundial em 1942.
Junto com outra família judia, o Van Pels, e um dentista amigo, eles ficaram escondidos por dois anos até serem descobertos pelos nazistas e mandados para campos de concentração, em agosto de 1944.
Durante todo esse tempo, Anne manteve um diário. Ela morreu de tifo no campo de Bergen-Belsen em março de 1945, aos 15 anos.
Já Otto Frank, o pai de Anne, sobreviveu e publicou o diário da filha pela primeira em 1947. Hoje a obra já foi traduzida para mais de 60 idiomas e vendeu milhões de exemplares pelo mundo.