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Novas acusações pesam sobre pivô do escândalo da Fifa

Jack Warner foi acusado neste domingo de 'vender' votos ao Egito no processo de escolha da sede da Copa do Mundo de 2010


	Jack Warner: o cartola continua sendo visto como um herói no seu país
 (REUTERS/Andrea De Silva)

Jack Warner: o cartola continua sendo visto como um herói no seu país (REUTERS/Andrea De Silva)

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Da Redação

Publicado em 7 de junho de 2015 às 13h20.

Não deu nem tempo de celebrar a volta do futebol do jeito que a torcida gosta, com a espetacular final da Liga dos Campeões entre Barcelona e Juventus: um dia depois, o fantasma da corrução voltou à tona, com Jack Warner novamente no centro das atenções.

Ex-presidente da Concacaf e vice-presidente da Fifa, o trinitino foi acusado neste domingo de 'vender' votos ao Egito no processo de escolha da sede da Copa do Mundo de 2010.

"Ele nos disse que poderia garantir sete votos para nós, mas pedia um milhão de dólares para cada voto. Decidimos não cair nessa", revelou à AFP Aley Eddine Helal, ex-ministro dos esportes egípcio.

Resultado da votação, em 2004: o Egito não conseguiu nenhum voto, e a competição acabou acontecendo na África do Sul.

A primeira Copa do Mundo em solo africano é vista, assim como Warner, como um dos principais focos do gigantesco esquema de corrupção que está sendo investigado pela justiça americana.

Um escândalo levou Joseph Blatter a renunciar ao cargo de presidente da Fifa na última terça-feira, apenas quatro dias depois de ter sido reeleito para um quinto mandato.

Em 2008, 10 milhões de dólares foram depositados nas contas da Concacaf, então geridas pelo trinitino. A verba foi transferida pela Fifa, com fundos destinados à organização da Copa do Mundo na África do Sul, e acabou sendo usada, oficialmente, para um programa social de ajuda à diáspora africana no Caribe.

África do Sul usa Mandela como escudo 

De acordo com a BBC, porém, boa parte desses fundos foram para despesas pessoais de Warner.

"Cerca de 1,6 milhão de dólares foram utilizados para pagar despesas de cartões de crédito e empréstimos pessoais contratados pelo ex vice-presidente da Fifa", denunciou a emissora neste domingo, com base em fotos de comprovantes bancários publicadas no seu site.

Dos dez milhões de dólares, 360.000 teriam sido retirados diretamente por pessoas ligadas a Warner, e 4,8 milhões teriam parado nas contas da rede de supermercados JTA, uma das mais importantes de Trinidade e Tobago.

Investigadores americanos apontam que boa parte desses 4,8 milhões voltou para as mãos de Warner, em espécie, na moeda local.

"Negamos categoricamente que esta verba seja uma propina paga em troca de voto", afirmou a Federação Sul-Africana de futebol no seu site.

Para se defender das acusações, a federação chegou até a citar o maior herói da nação, Nelson Mandela.

"Isso ofusca todo o trabalho de Madiba (apelido de Mandela), do arcebispo Desmond Tutu, do governo e de muitos outros que sacrificaram tempo, dinheiro e vida de família para deixar o nosso país orgulhoso. Isso mancha a imagem deles, sem escrúpulos", completa o comunicado.

Warner não estava em Zurique na semana passada, para participar do congresso da Fifa, por isso não faz parte dos sete altos dirigentes presos num hotel de luxo, na última quarta-feira, entre eles o brasileiro José Maria Marin, ex-presidente da CBF.

O trinitino chegou a ser detido por 24 horas no seu país, mas foi solto depois de pagar 400.000 dólares de fiança. Ele é hoje alvo de um pedido de extradição da justiça americana.

'Robin Hood'

Apesar de todas essas acusações, o cartola continua sendo visto como um herói no seu país.

No sábado, o político de 72 anos foi trabalhar tranquilamente no seu escritório, onde exerce a função de deputado do distrito de Chaguanas.

Na sua chegada, foi saudado por dezenas de partidários, que o chamam de 'Robin Hood' trinitino.

Warner continua participando de eventos políticos locais e se mostra muito à vontade diante das câmeras de televisões estrangeiras que registram o assédio de pessoas que solicitam sua ajuda.

"As críticas vêm de pessoas maldosas que querem prejudicá-lo", garante Joy Hawls Duyel, trinitino de 49 anos que tem certeza da inocência do seu deputado.

Para Daryl Meade, motorista de caminhão de 45 anos que pediu a ajuda de Warner depois de machucar o pé num acidente, não há dúvidas: "é uma boa pessoa, que faz muito para o futebol e para desenvolver o país. Um dia, será primeiro-ministro'.

"Na comunidade, 50% das pessoas o encaram como uma pessoa boa, 50% não", comenta, no entanto, Jason Willians, operário trinitino.

Dono de uma loja a poucos metros do escritório do deputado, Ramchan Jones também tem suas dúvidas :"Jack nunca veio aqui para ajudar quem quer que seja. Só vemos ele na hora das eleições, depois, ele some".

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