Mundo

Nova Zelândia cogita adiamento das eleições devido à pandemia

Com o lockdown na maior cidade da Nova Zelândia, líder da oposição pediu o adiamento da eleição para o fim de novembro ou para o 2021

Nova Zelândia: 1,5 milhão habitantes foram obrigados a permanecer em suas casas durante três dias (Marty MELVILLE/AFP)

Nova Zelândia: 1,5 milhão habitantes foram obrigados a permanecer em suas casas durante três dias (Marty MELVILLE/AFP)

Isabela Rovaroto

Isabela Rovaroto

Publicado em 12 de agosto de 2020 às 11h43.

A primeira-ministra Jacinda Ardern examina a ideia de adiar as eleições de setembro devido ao ressurgimento de casos do novo coronavírus na Nova Zelândia, enquanto os especialistas investigam a origem dos novos focos no país, que não registrava contágios locais desde maio.

As autoridades de saúde ordenaram o confinamento da população de Auckland, a maior cidade do país, onde foram registrados quatro casos prováveis de COVID-19, o que eleva a total do foco para oito.

Com 1,5 milhão habitantes obrigados a permanecer em suas casas durante três dias, e outros milhões preocupados com um retorno mais amplo da COVID-19, Ardern afirmou que está consultando a comissão eleitoral sobre a possibilidade de adiar as eleições de 19 de setembro.

O Parlamento deveria ser dissolvido na quarta-feira para permitir a organização das eleições. Ardern anunciou o adiamento da dissolução para segunda-feira, com o objetivo de observar como evolui a situação sanitária.

"No momento é muito cedo para tomar uma decisão, mas isto dá flexibilidade, em caso de necessidade", afirmou a primeira-ministra trabalhista, que é a grande favorita nas pesquisas.

A líder do Partido Nacional, Judith Collins, à frente da oposição conservadora, pediu o adiamento da eleição para o fim de novembro ou para o 2021.

"Simplesmente não é razoável dizer que teremos eleições justas, quando os partidos de oposição não são livres para fazer campanha", declarou.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a Nova Zelândia um exemplo de boa gestão da crise de saúde.

Com 22 mortos para uma população de cinco milhões de habitantes desde o início da pandemia, o país não registrou contágios locais por 102 dias. Mas na terça-feira, quatro pessoas da mesma família - sem histórico de viagens ao exterior - apresentaram resultado positivo.

As autoridades investigam a origem dos casos. O diretor geral de Saúde, Ashley Bloomfield, afirmou que uma das pessoas contaminadas trabalha em um frigorífico de Auckland que recebe produtos importados. Uma das hipóteses investigadas é a de que o vírus chegou com as mercadorias.

"Sabemos que o vírus pode sobreviver em ambientes refrigerados durante algum tempo", disse, após informar que testes foram realizados no frigorífico.

Se a tese for comprovada, isto pode ter consequências profundas para o comércio mundial, muito abalado por seis meses de pandemia.

Bloomfield se mostrou tranquilizador sobre a gestão do ressurgimento da epidemia: "Já passamos por esta situação, se trabalharmos juntos vamos superar".

Confinamento

Os cidadãos de Auckland observam o fim de semanas de uma vida praticamente normal na Nova Zelândia, onde os moradores compareciam a eventos esportivos e culturais, e os restaurantes permaneciam abertos.

Ardern restringiu as reuniões a 10 pessoas no máximo e fez um apelo para que os neozelandeses usem a máscara.

As compras compulsivas voltaram a acontecer nos supermercados de Auckland, longas filas foram registradas nos centros de testes e policiais, de máscara, intensificaram os controles nas rodovias para garantir o respeito às normas.

As autoridades tomaram ainda a decisão drástica de proibir as visitas às casas de repouso. A primeira-ministra considera esta medida a melhor maneira de proteger as pessoas mais velhas.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusEleiçõesNova Zelândia

Mais de Mundo

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru